GÊNESE: Princípio Espiritual



          A existência do princípio espiritual, é um fato que, por assim dizer, não precisa de demonstração do mesmo modo que o da existência do princípio material. É uma verdade que se afirma pêlos seus efeitos, como a matéria pêlos que lhes são próprios.
          De acordo com este princípio: " todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente".


          Ninguém há que não faça distinção entre o movimento mecânico de um sino que o vento agite, e o movimento desse mesmo sino para dar um sinal, um aviso, atestando só por isso, que obedece a um pensamento, a uma intenção. Ora, não podendo a ninguém a idéia de atribuir pensamento à matéria do sino, tem-se de concluir que o move, uma inteligência à qual ele serve de instrumento para que ela se manifeste.

          Pela mesma razão, ninguém terá a idéia de atribuir pensamentos ao corpo de um morto. Sê, pois, vivo, o homem pensa, é que há nele algo que não há quando está morto. A diferença que existe entre ele e o sino é que a inteligência que faz com que este se mova, está fora dele, ao passo que está no homem a que faz que este obre.
O princípio espiritual é corolário da existência de Deus.


          Sem esse principio deus não teria razão de ser, visto que não se poderia conceber a soberana Inteligência a reinar pela eternidade em fora, unicamente sobre a matéria bruta, como não se poderia conceber que um monarca terreno, durante toda a sua vida, reinasse exclusivamente sobre pedras.


          Como também não se conceberia, um monarca que tivesse criado um reino maravilhoso de vida vegetal e animal, somente para seu deleite. E Deus criou O HOMEM, para ser o coadjuvante de sua obra.

          Não se poderia conceber um Deus soberanamente justo e bom, a criar a seres inteligentes e sensíveis, para lança-los ao nada, após alguns dia de sofrimento sem compensações, e a recrear-se na contemplação dessa sucessão indefinida de seres que nascem, alguns sem que hajam pedido. Pensam por um instante apenas e se extinguem para sempre, ao cabo de efêmera existência. Sem a sobrevivência d ser pensante, os sofrimentos da vida seriam da parte de Deus uma crueldade sem objetivo.
          É inata no homem, a idéia da perpetuidade do ser espiritual; essa idéia acha-se nele em estado de intuição e de aspiração.
          O homem compreende que só ai está a compensação às misérias da vida. À idéia e a força do raciocínio, o Espiritismo junta a sanção dos fatos, a prova material da existência do ser espiritual, da sua sobrevivência, da sua imortalidade e da sua individualidade. Mostra o ser inteligente a atuar fora da matéria, quer depois, quer durante a vida do corpo.

          
PERGUNTA.
          São a mesma coisa o princípio espiritual e o principio vital?
          RESPOSTA.
          Havendo como há, seres que vivem e não pensam, quais as plantas, é cabível se admita que a vida orgânica resida num princípio, independente da vida espiritual. Desde que a matéria tem uma vitalidade independente do Espírito, e que o Espírito tem uma vitalidade independente da matéria, evidente se torna que essa dupla vitalidade, repousa em dois princípios diferentes.
          PERGUNTA
          Terá o principio espiritual, sua fonte de origem no elemento Cósmico Universal? Será ele apenas uma transformação, um modo de existência desse elemento, como a luz, a eletricidade, o calor, etc.
          RESPOSTA

         Se fosse assim, o princípio Espiritual sofreria as vicissitudes da matéria; extinguir-se-ia pela desagregação como o princípio vital; o ser inteligente não teria uma existência momentânea como o corpo, e na morte reentraria no nada, ou, o que vem a ser o mesmo, no todo Universal; isto seria, numa palavra, sanção das doutrinas materialistas.
As propriedades sui-generes que são reconhecidas no princípio Espiritual, provam que ele tem ele tem a sua existência própria independente, uma vez que, se tivesse a sua origem na matéria, não teria essas propriedades. Uma vez que a inteligência e o pensamento não podem ser atributos da matéria, chega-se a está conclusão remontando dos efeitos à causa, que o elemento material e o elemento espiritual são os dois princípios constitutivos do Universo. O elemento espiritual individualizado constitui os seres chamados Espíritos, como o elemento material individualizado constitui os diferentes corpos da Natureza0 Orgânicos e Inorgânicos.


         PERGUNTA
          Sendo admitido o ser Espiritual e não podendo ele proceder da matéria, qual a sua origem e qual o seu ponto de partida?
         RESPOSTA
          Aqui falecem os meios de investigação, como tudo o que diz respeito á origem das coisas. O homem apenas pode comprovar apenas o que existe, tudo o mais lhe é dado formular hipóteses, ou porque esteja fora do alcance de sua inteligência atual, ou porque lhe seja inútil e prejudicial presentemente. Deus não lhe outorga, nem mesmo pela revelação. O que Deus permite que seus mensageiros lhes digam, é que todos procedem do mesmo ponto de partida; que todos são criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir pelas suas atividades pessoais ou individuais; que todos atingiram um grau máximo de perfeição com seus esforços pessoais; que todos sendo filhos do mesmo Pai, são objeto de igual solicitude; que nenhum há mais favorecido ou melhor dotado do que os outros, nem dispensado do trabalho imposto aos demais para atingirem a meta.         Ao mesmo tempo que criou desde toda eternidade mundos materiais, Deus há criado, de toda a eternidade seres Espirituais se assim não fora, os mundos materiais careceriam de finalidade. Mais fácil seria conceber-se os seres Espirituais sem os mundos materiais, do que estes últimos sem aqueles. Progredir é condição moral dos Espíritos e a perfeição é o fim que lhes cumpre alcançar. Havendo Deus criado de toda Eternidade e criado incessantemente, tem havido seres que atingiram o ponto culminante da escala.


          Antes que existisse a Terra, mundos sem conta haviam sucedido a mundos. E quando a Terra saiu do caos dos elementos, o espaço já estava povoado de seres Espirituais em todos os graus de adiantamento, desde os que surgiam para a vida como os que haviam tomado lugar entre os puros Espíritos.


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