Olá Amigos!!
Hoje estamos sugerindo uma estória que fala
sobre os conflitos visto por uma criança,
diante da separação de seus pais...
ela sabia que esta seria a maior dificuldade da sua vida...
muito maior que andar de bicicleta.
Papai levou-me à pracinha, como todos os sábados pela manhã.
Apesar de minha mãe não dormir em casa há três noites
- teve que viajar as pressas, foi o que me disse
- parece que ele queria conservar nossa rotina.
Ele estava me ensinando a andar de bicicleta,
e não havia por que deixar de faze-lo.
Passamos pela banca de jornal e ele escolheu uma revista,
alem de pegar minhas figurinhas.
_ Sente-se um pouco com papai
_ disse ele, apontando um banco vazio.
Uns pomos esvoaçaram de perto e sentei-me ao seu lado,
sem olhar em seus olhos.
_ Não sei bem como fazer com que você entenda isto,
mas.... mamãe vai ficar uns tempos morando
com a Tia Márcia no interior.
"Tia Márcia estaria doente? Ou o que isso significa? "
_ perguntei pra mim mesmo.
_ Nós dois tivemos uma briga muito, muito séria.
Não como aquelas outras, de antes. Nós ficamos muito magoados,
um com o outro, e ela decidiu ir.
"Por que não me levou com ela? "
_ Sabe, meu filho...
_ Pai....
_ A mamãe não vai voltar? Que nem a mãe do Xande?
_ Depois que perguntei, vi que tinha medo de ouvir a resposta.
_ Ainda não sei. Nem ela deve saber.
Por enquanto precisamos pensar a respeito de nossas vidas.
Descobrir como nos sentimos com tudo isto...
"E eu? Como me sentia? "
_ Filho, nós amamos você, e isto nunca vai mudar...
Eu sabia, em meu coração que muitas coisas mudariam.
Coisas demais. E comecei perguntando pelas mais simples.
_ Onde vai ficar minha cama? E os meus brinquedos?
Quem vai me levars à escola.
Vamos cozinhas pra nós e fazer compras juntos.
_ Por que mamãe não me levou?
_ Foi melhor assim. Mamãe não estava nada bem,
sua cabeça ficou muito confusa. Se não fosse por isso,
ela jamais teria ido sem você.
Meus olhos se encheram de lágrimas e meu nariz ardeu por dentro.
Levantei-me e sentei-me na bicicleta.
Ele queria me fazer entender, mas não poderia.
Eu não consegui saber o que estava acontecendo,
e o porquê deles terem que estar longe um do outro,
e de eu não poder ter os dois junto comigo ao mesmo tempo...
Entender é como andar de bicicleta:
alguém pode dar o primeiro empurrão, mas depois é com você,
suas pernas e o equilíbrio que puder dar.
Rita Foelker
Folha da Criança
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