DONA FOFOCA


Conto essa história usando algumas crianças da platéia e uma fita crepe...
 Faço assim:
 Peço para as crianças( escolhidas) sentarem no chão e só uma fica em pé.
                 Então, uso a fita crepe para fazer um curativo no joelho.
                E começo a história +ou- assim...
  
Era uma vez uma menina chamada (Clara) que estudava na escola (...).
 Lá, ela tinha muitos colegas... Era amiga do (Pedro), da (Ana), e também da (Mônica)... (até falar o nome de todos os colegas que estão no palco).
 No fim de semana, estava brincando em casa e machucou o joelho. Sua mãe preocupada a levou ao médico. O médico era muito legal e fez um belo curativo no joelho.
 Quando chegou a sua casa, resolveu ligar para uma colega da sala... Ligou para (Ana) que era sua melhor amiga.
 _Ana, tudo bem? Você não vai acreditar... Machuquei o joelho e fui para o hospital...
 Assim que Clara desligou, Ana foi até o jardim para aguar as plantas como sua mãe havia pedido.
 Perto da roseira tinha um bichinho parecido com pernilongo... Mas não era pernilongo.
 Era um bichinho estranho com anteninhas grandes, voava por toda parte e de vez em quando picava alguém... E isso dava uma coceirinha... Mas não no lugar onde ele picava... Dava uma coceirinha na língua! E isso dava uma vontade de falar...
 O nome desse bichinho era: DONA FOFOCA.
 Pedro vinha passando na rua, quando de repente o bichinho picou no braço da Ana...
 Ela viu o Pedro e não resistiu... E contou que Clara havia machucado o joelho e arranhado o braço (aí coloco outro pedaço de fita crepe no braço da Clara para fazer um curativo e assim sucessivamente).
 Em quanto Pedro ouvia a história, sem cerimônia o danado do bichinho pica-lhe o bumbum.
Pedro vai para casa e no caminho encontra com Mônica e sente uma coceirinha... Então diz:
_Mônica, você sabe da última? A Clara machucou o joelho, arranhou o braço e quebrou o dedo.
 Enquanto Mônica ouvia a história de boca aberta o bichinho que tinha pousado para descansar na blusa de Pedro deu um vôo rasante e picou o pé da Mônica.
Ela estava tão assustada com toda aquela história que quando virou a esquina trombou com Júlia, que tinha levado o cachorro para passear...
_Ficou doida Mônica? Não olha para onde anda?
 AH! Que coceirinha na língua... E ela fala:
 _Júlia, sabe a Clara? Machucou o joelho, arranhou o braço, quebrou o dedo e cortou a testa.
  
(Então, a gente vai inventando situações e machucados até a "clara" ficar cheia de curativos)

Na segunda-feira era só um ti-ti-ti dentro da sala... Quando a professora entrou pediu silêncio e começou a dar aula, então sentiu falta de alguém:
_Cadê a Clara? Ela não veio à aula?
Todos se entre olharam...
A professora ficou curiosa.
_ Aconteceu alguma coisa?
Depois de um tempo Carlos criou coragem e contou:
_Professora, aconteceu uma tragédia!
 _Nossa amiga, Clara, sofreu um acidente. Machucou o joelho, arranhou o braço, quebrou o dedo, cortou a testa, quebrou a perna, ralou o pé, cortou o queixo, queimou a mão... E foi parar no hospital. Pelo que eu sei está entre a vida e morte.
A professora estava chocada. Sem palavras...
Quando, de repente, Clara entra pela porta da sala... Apenas com um curativo no joelho.
Todos a olham perplexa. Sem entenderem nada.
Ela fica assustada e também não entende nada.
Então diz:
_O que foi?
_Só cheguei atrasada, por que tinha retorno no médico.

As Coisas que a Gente Fala


As coisas que a gente fala saem da boca da gente
e vão voando, voando, correndo sempre pra frente.
Entrando pelos ouvidos de quem estiver presente.
Quando a pessoa presente
É pessoa distraída
Não presta muita atenção.
Então as palavras entram
E saem pelo outro lado
Sem fazer complicação.
Mas ás vezes as palavras
Vão entrando nas cabeças,
Vão dando voltas e voltas,
Fazendo reviravoltas
E vão dando piruetas.
Quando saem pela boca
Saem todas enfeitadas.
Engraçadas, diferentes,
Com palavras penduradas.
Mas depende das pessoas
Que repetem as palavras.
Algumas enfeitam pouco.
Algumas enfeitam muito.
Algumas enfeitam tanto,
Que as palavras - que
Engraçado!- nem parecem as palavras que entraram pelo outro lado.
E depois que elas se espalham, por mais que a gente procure, por mais que a gente recolha, sempre fica uma palavra, voando como uma folha, caindo pelos quintais, pousando pelos telhados, entrando pelas janelas, pendurada nos beirais.
Por isso, quando falamos, temos de tomar cuidado.
Que as coisas que a gente fala vão voando, vão voando, e ficam por todo lado.
E até mesmo modificam o que era nosso recado.

Eu vou contar pra vocês o que foi que aconteceu, no dia em que a Gabriela quebrou o vaso da mãe dela e acusou o Filisteu.
Quem foi que quebrou meu vaso? Meu vaso de ouro e laquê, que eu conquistei no concurso de crochê...
Quem foi que quebrou seu vaso?- a Gabriela respondeu
Quem quebrou seu vaso foi o vizinho o Filisteu.

Pronto! Lá vão as palavras!

Vão voando, vão voando...

Entrando pelos ouvidos

De quem estiver passando.

Então entram pelo ouvido


De dona Felicidade:
o Filisteu? Que bandido!

Que irresponsabilidade!

As palavras continuam

A voar pela cidade.

Vão entrando nos ouvidos

De gente de toda idade.

E aquilo que era mentira

Até parece verdade...

Seu Golias, que é vizinho

De dona Felicidade,

E que é o pai do Filisteu,

Ao ouvir que o filho seu

Cometeu barbaridade,

Fica danado da vida,

Inventa logo um castigo,

Sem tamanho, sem medida!

Não tem mais festa!

Não tem mais coca-cola!

Não tem TV!

Não tem jogo de bola!

Trote no telefone? Nem mais pensar!

Inquiete? Milquicheique? Vão acabar!

Filisteu, que já sabia

Do que tinha acontecido,

Ficou muito chateado!

Ficou muito aborrecido!

E correu logo pro lado,

Pra casa de Gabriela:

- Que papelão você fez! Me deixou em mal estado,

Com essa mentira louca

Correndo por todo lado.

Você tem que dar um jeito!

Recolher essa mentira

Que me deixa atrapalhado!

Gabriela era levada,

Mas sabia compreender

As coisas que a gente pode

E as que não pode fazer;

E a confusão que ela armou,

Saiu para resolver.

Gabriela foi andando.E as mentiras que ela achava

Na sacola ia guardando. Mas cada vez mais mentiras

O vento ia carregando...Gabriela encheu sacola,

Bolsa de fecho de mola,

Mala, malinha, maleta.

E quanto mais ia enchendo,

Mais mentiras ia vendo,

Voando, entrando nas casas,

Como se tivessem asas,

Como se fossem - que coisa!- um milhão de borboletas!

Gabriela então chegou

No começo de uma praça.

E quando olhou para cima

Não achou a menor graça!

Percebeu - calamidade!- que a mentira que ela disse cobria toda a cidade!

Gabriela era levada,

Era esperta, era ladina,

Mas, no fundo, Gabriela

Ainda era uma menina.

Quando viu a trapalhada

Que ela conseguiu fazer,

Foi ficando apavorada,

Sentou-se numa calçada,

Botou a boca no mundo,

Num desespero profundo...Todo mundo em volta dela

Perguntava o que é que havia.

Por que chora Gabriela? Por que toda esta agonia?

Gabriela olhou pro céu

E renovou a aflição.

E gritou com toda força

Que tinha no seu pulmão:

- Foi mentira!- Foi mentira!

Com as palavras da menina

Uma nuvem se formou,

Lá no alto, muito escura,

Que logo se desmanchou.

Caiu em forma de chuva

E as mentiras lavou.

Mas mesmo depois do caso

Que eu acabei de contar,

Até hoje Gabriela

Vive sempre a procurar.

De vez em quando ela encontra

Um pedaço de mentira.

Então recolhe depressa,

Antes dela se espalhar.

Porque é como eu lhes dizia.

As coisas que a gente fala

Saem da boca da gente

E vão voando, voando,

Correndo sempre pra frente.

Sejam palavras bonitas

Ou sejam palavras feias;

Sejam mentira ou verdade

Ou sejam verdades meias;

São sempre muito importantes

As coisas que a gente fala.

Aliás, também têm força

As coisas que a gente cala.

Ás vezes, importam mais

Que as coisas que a gente fez...

"Mas isso é uma outra história que fica pra uma outra vez..."

7 comentários:

Anônimo disse...

adorei
Vou decorar estas poesias e contar para meus pequenos.

Anônimo disse...

Adorei a história Dona fofoca. Vou usá-la no tema Vigilância. Obrigada por disponibilizá-la.

Unknown disse...

Muito inteligente. Vou usar já na próxima quarta-feira.
Abraços e obrigada por compartilhar

Unknown disse...

Muito inteligente. Vou usar já na próxima quarta-feira.
Abraços e obrigada por compartilhar

Unknown disse...

não pode imprimir???

Unknown disse...

Amei. Irei usar no momento refleivo.

Margo disse...

Adorei a história, obrigada por compartilhar!

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