História Filha Rebelde, do livro Pontos e Contos, de Francisco Cândido
Xavier, pelo espírito Irmão X, pg 177.
Emilinha,
a filha mais velha de D. Matilde, era muito rebelde. Sempre que sua mãe lhe
dava conselhos, ela reagia com ironia.
-
Minha filha, dizia-lhe D. Matilde, você precisa cuidar mais da sua parte
espiritual e orientar seus sentimentos à luz do Cristo. A vida na Terra oferece
muitas surpresas e as almas desprevenidas costumam cair desastradamente. É
preciso vigiar e orar...
-
Ora, mamãe, não preciso de sermões encomendados. Fique tranqüila. Seus
conselhos são muito antiquados, a senhora não conhece as reviravoltas do mundo.
Sou dona da minha vontade, faço o que bem entendo.
-
Sim, Emilinha – insistia a mãe paciente. Eu sei que você é senhora de si, mas o
cuidado materno me obriga a lhe esclarecer, ainda que você não aceite as minhas
opiniões. Quem é mãe sofre muito para cuidar de seus filhos...
-
Por que você gosta de sofrer? -
exclamava a filha, fazendo a mãe chorar.
D.
Matilde, viúva, com três filhas solteiras, já não sabia mais o que fazer.
Trabalhava muito para sustentar sua família, sujeitava-se a empregos mal
remunerados, chegando até a comprometer sua saúde pelo excesso de obrigações.
As
duas filhas mais novas compreendiam os seus sacrifícios, mas Emilinha tratava-a
de maneira muito rude, sem a menor consideração. Diante de estranhos, ela
tratava sua mãe tão mal que a nobre senhora se mantinha em silêncio, humilhada.
Quando
D. Matilde voltava das reuniões evangélicas, a filha debochava :
-
Não é que a senhora agora se dedica só à teologia? Só fala
em religião!
- Ah! Minha filha! –
respondia a mãe - não sorrias da verdade, para que mais tarde ela não venha a
sorrir de ti. Lembra-te de nossos compromissos para com Jesus!
- A senhora parece um
sacerdote! Não concordo com as suas teorias de reencarnação e sobrevivência da
alma... Nós não passamos de experiência biológica da Natureza. O resto todo é
ilusão, fanatismo...
D. Matilde, observando o endurecimento da filha,
parou de argumentar e deixou que Emilinha levasse a vida à sua maneira.
Porém, o tempo, a dor e
a morte são cobradores da realidade. Chegou o dia em que a mãe e as filhas
foram reconduzidas à vida espiritual, além do túmulo.
Emilinha, porém, agora
afastada do grupo familiar, experimentava grandes provações em círculo de
sombras. Era freqüentemente visitada pela mãe generosa, mas não identificava a
sua presença, nem lhe ouvia a voz encorajadora, pois trazia em sua mente negras
visões e vozes angustiadas.
Anos se passaram e
chegou o momento de D. Matilde reencarnar. Ela não queria deixar a filha sem o
seu amparo direto e orou para o Alto, pedindo ajuda. Logo veio
a resposta divina. Emilinha conseguiu ver sua mãe pela primeira vez.
Emocionadas, elas se abraçaram, cheias de alegria. D. Matilde lhe contou que
precisava retornar à Terra, para continuar com suas tarefas. Emilinha
pediu-lhe, então, para ser novamente sua filha.
-
Se o Senhor permitir, terei muita alegria em reconstituir o
nosso velho lar,
-
Prometo compreendê-la desta vez, falou a filha em pranto.
-
Pediremos esta bênção, respondeu a mãe, beijando-a,
carinhosa.
Neste instante, o
dirigente espiritual fez-se visível, cumprimentou D. Matilde atenciosamente,
enquanto Emilinha se punha a seus pés, suplicando:
- Emissário de Jesus,
que conhece os meus padecimentos, ajudai-me, para que eu possa voltar à Terra
em companhia de minha mãe. Ela vai reencarnar e, se concordares, poderei
segui-la, para ser recebida novamente em seus braços maternais... Pelo amor de
Deus, permiti a minha volta!
O dirigente olhou para
Emilinha fraternalmente e falou:
- No momento, minha
irmã, não lhe será possível retirar-se daqui. Você ainda precisará desgastar
por alguns anos o envoltório inferior que criou para si mesma. No entanto, mais
tarde, você poderá viver ao lado de Matilde, receber-lhe as palavras carinhosas
e ouvir-lhe os conselhos cristãos.
Emilinha não cabia em
si de contente. Elevou as mãos aos céus e exclamou:
-
Graças a Deus!
O dirigente espiritual,
porém terminou:
- Porém, você não
poderá voltar como filha de Matilde, pois não fez por onde merecer. Você
retornará ao mundo como criada humilde da sua residência, para que, na
verdadeira condição de obediência, aprenda a valorizar o tesouro que Deus lhe
deu.
1.Os sentimentos de D. Matilde e de sua filha
eram bem diferentes. Por quê?
2. Qual era a preocupação da D. Matilde com relação à Emilinha?
3. Quando D. Matilde alertava à filha sobre a
necessidade de se viver de acordo com os preceitos do Cristo, o que Emilinha dizia?
4. O que acontecia quando D. Matilde voltava
das reuniões?
5. Como vivia Emilinha?
6. O que aconteceu quando D. Matilde e as
filhas voltaram para o mundo espiritual?
7. Após vários anos na erraticidade, D. Matilde
quis reencarnar, mas ela ficou preocupada com Emilinha e pediu ajuda aos
benfeitores espirituais. O que aconteceu?
8. Emilinha quer
reencarnar novamente como filha de D. Matilde. O que o dirigente disse?
1 comentários:
legal gostei muito da historinha .
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