Marcos Alberto de Mario
A VISÃO
DA SOCIOLOGIA
Segundo a moderna Sociologia, nos
estudos ontológicos (teoria do ser) que faz sobre a sociedade e os indivíduos,
o social está nos indivíduos, ou seja, a sociedade é não apenas a soma dos
indivíduos, mas a consciência coletiva dos indivíduos, já que estes não perdem
sua individualidade. O indivíduo age no social como o social age no indivíduo.
As identidades são mantidas, embora se relacionem e se influenciem. E por que o
indivíduo mantém sua individualidade? Porque possui a personalidade, cujos
componentes são normalmente assim classificados:
- Fatores
biológicos (biótipo);
- Grau
de desenvolvimento biológico (idade);
- Fatores
biológicos adquiridos: alimentação, bebidas, tóxicos, doenças, etc.;
- Fatores
psíquicos (tipo psicológico);
- Fatores
psíquicos adquiridos: automatismos, complexos, vivências, etc.;
- Fatores
sociais e culturais.
A Sociologia considera o indivíduo e a sociedade
apenas do ponto de vista desta existência, de uma única vida que nos é dada,
portanto, sua posição é materialista.
Desse modo, o educando precisa ser preparado para a
vida, esta única vida física, sendo formado por três elementos básicos:
- Os
fatores biológicos – temos a influência do corpo;
- Os
fatores psicológicos – estruturas do passado e do presente;
- Os
fatores sociais e culturais – influência da cultura, da mídia e do grupo
social.
A formação intelectual do educando é
prioritária.
Não resta dúvida serem os três fatores
apontados pela Sociologia importantes na composição do indivíduo, mas não
respondem pelo ser integral, como facilmente podemos verificar na história
humana e nas pesquisas atuais sobre o psiquismo.
A Doutrina Espírita possui uma visão
mais ampla ao relacionar a esses três fatores apontados pela Sociologia mais
dois fatores: o fator espiritual e o
fator reencarnação.
A VISÃO
DO ESPIRITISMO
No livro "Obras Póstumas",
encontramos nas páginas 239 a 245, 26ª edição da FEB, o ensaio As Aristocracias,
de Allan Kardec, que nos permitimos estudar de forma mais didática, onde
encontramos uma posição lúcida sobre o indivíduo e a coletividade de acordo com
os princípios espíritas, ampliando a visão sociológica do ser e da sociedade.
Diz-nos Kardec que em razão da
diversidade das aptidões e dos caracteres inerentes à espécie humana, há por
toda parte:
ü homens incapazes, que
precisam ser dirigidos;
ü homens fracos, que
reclamam proteção;
ü paixões, que exigem
repressão.
A autoridade, ou seja, a necessidade de
liderança social investiu desse poder, sucessivamente:
(1°) o
ancião (patriarca), pela sua experiência;
(2°) o
chefe militar, pela sua força e inteligência;
(3°) o
descendente, pela sua herança final.
A conservação do estado de força e
privilégios foi feita através das leis, mas o tempo, com a conseqüente
necessidade de busca de recursos para sobrevivência, fez com que os dominados
se insurgissem contra os dominadores. É a evolução, princípio básico da lei
divina. Entretanto, uma nova autoridade surgiu: o dinheiro, mas por pouco
tempo, pois que para adquiri-lo é preciso inteligência, que nos nossos dias é a
autoridade estabelecida, chamada pelos pensadores atuais de conhecimento.
A inteligência, por si só, não
equilibra o homem. O bom uso das faculdades depende da moral, que também não
pode ficar isolada. A união da inteligência com a moral representa a verdadeira
autoridade.
Homens moralizados e instruídos implantarão o reino
do bem na Terra.
Princípio Moral - Sentimento (de justiça, de caridade)
"Entre os maus, muitos há que
apenas o são por arrastamento e que se tornariam bons, se observassem bons
exemplos, desde que submetidos a uma influência boa."
O que temos de combater são os
"vícios do caráter: o orgulho, o egoísmo, a cupidez com seus
cortejos".
A
causa capaz de apressar o progresso humano é o Espiritismo, por ser uma
doutrina de educação.
O Espiritismo, aplicado:
- Promove
a fraternidade humana;
- Demonstra
que as provas da vida atual são a conseqüência lógica e racional dos atos
praticados nas existências anteriores;
- Faz
de cada homem o artífice voluntário da sua própria felicidade;
- Eleva
sensivelmente o nível moral.
"Em vez da fé cega, que aniquila a
liberdade de pensar, diz ele (o Espiritismo): Não há fé inabalável, senão a que
possa encarar face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade. A fé
necessita de base e esta base consiste na inteligência perfeita daquilo em que
se haja de crer. Para crer, não basta ver, é, sobretudo, preciso
compreender."
A VISÃO
EDUCACIONAL ESPÍRITA
Essa nova ordem de idéias que o
Espiritismo nos apresenta no campo sociológico modifica a visão educacional do
homem, já que, como doutrina de educação, o Espiritismo considera o homem como
ser criado por Deus, com a finalidade de se aperfeiçoar e contribuir na obra da
criação. O homem é espírito-perispírito-corpo, sendo imortal, estando
sucessivamente em dois estágios distintos:
- Desencarnado,
no mundo espiritual;
- Encarnado,
no mundo físico.
O perispírito é o elo de ligação entre os dois
estágios, interagindo com a mente e o processo orgânico do corpo.
Ao estar encarnado não é esta a primeira existência
do homem, pois que já as teve anteriores, trazendo delas tendências e idéias
inatas.
Cabe à
educação:
- fortalecer
e ampliar as boas tendências do Espírito;
- corrigir
suas más tendências;
- direcionar
seu caráter para o bem;
- promover
o esforço para conquistar virtudes;
- ampliar
os horizontes intelectuais.
O educador espírita deve manter o
diálogo aberto; estimular o educando a fazer uso de suas potencialidades; deve
dar-lhe instrumentos que possibilitem a sensibilidade do sentimento e
fornecer-lhe a aplicação prática dos princípios de vida oferecidos pelo
Espiritismo.
Na medida do possível, objetivando a
educação integral do ser, deve procurar unir a família ao processo educacional
da escola, tendo sempre em mente que vida é educação e, portanto, a
coletividade, a família, a escola, o trabalho, a sexualidade, enfim, tudo o que
faz parte da existência terrena educa, na medida em que promovemos a integração
do homem consigo mesmo, tornando-o consciente de si, de sua perfectibilidade, e
também sua integração com o próximo e com Deus, nosso Pai.
O homem educado no bem e para o
bem, numa palavra, moralizado, terá consciência de como deve proceder, segundo
o conselho do apóstolo Paulo de Tarso: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me
convém."
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