A tristeza


Otávio estava muito triste. Seu cachorro Pitoco havia morrido. Pitoco era seu melhor amigo. Seus pais lhe deram quando ele ainda estava aprendendo a andar, e os dois cresceram juntos. Eram inseparáveis! Quanta aventura tinham feito um ao lado do outro! Sempre corriam pela praia, faziam trilha na mata perto de sua casa, nadavam juntos no rio e, de noite, Pitoco dormia num tapete aos pés da cama de Otávio. E agora, Pitoco estava morto. Nunca mais poderiam fazer essas aventuras. Otávio não parava de chorar. Seus pais, seus avós, seus amigos… Todo mundo tentava consolá-lo, mas em vão.
Sua tristeza era tão grande que acabou ficando doente. Não queria comer, não queria ir à escola, nem sair com seus amigos para brincar. Ficava o dia inteiro na cama pensando no seu amigo Pitoco. Seus pais ficaram bem preocupados com ele, então tiveram uma ótima ideia que com certeza iria acabar com aquela tristeza. Eles sabiam que, quando fazemos alguma coisa boa para os outros, nos esquecemos dos nossos problemas e nos sentimos alegres, fazendo a tristeza ir embora! Então puseram um plano em ação. O papai disse:
- Filho, dona Margarida está com a perna machucada e não pode passear com seu cãozinho Pimpo. Tadinho, ele está sem passear há vários dias e está triste igual você. Que tal levantar da cama e levá-lo para dar uma volta no parque?
- Ah, pai, eu não estou com disposição! Se eu fizer isto vou me lembrar do Pitoco e ficar ainda mais triste.
- Acho que você vai sim se lembrar do Pitoco, mas vai se sentir bem por estar ajudando outro cachorrinho e sua dona também.
Otávio concordou meio a contra gosto e se levantou, vestiu uma roupa confortável, colocou um tênis e foi passear com o Pimpo. Quando Pimpo percebeu que ia passear, começou a pular e abanar o rabinho todo serelepe e feliz. Estava com tanta energia que saiu puxando Otávio pela corrente! Parecia mais que era ele quem estava levando Otávio para passear. Logo Otávio estava correndo e rindo com as sapequices de Pimpo. Voltou para casa todo suado e com um sorriso enorme nos lábios. Seus pais ficaram bem contentes com o que viram.
- Papai, posso me oferecer para passear com mais cachorros da vizinhança? Tem bastante gente por aqui que não tem tempo para passear com seus cachorrinhos.
- Esta é uma ótima ideia! Vamos fazer alguns cartazes e espalhar pelo bairro.
E assim, Otávio e seus pais fizeram vários cartazes e espalharam pelo bairro onde moravam. O telefone não parava mais de tocar. Todo mundo queria que Otávio levasse seu cachorrinho para dar uma volta pelo parque. Sua agenda ficou bem lotada e quase não tinha mais tempo livre. As pessoas ficavam tão felizes que até pagavam para ele fazer esse trabalho. Logo Otávio tinha tantos amiguinhos cachorros que não tinha tempo para ficar triste pensando no Pitoco. Ele encheu seu quarto com fotos dos seus novos amigos caninos. Tinha a foto do Baruk, do Fred, da Hanna, da Suzi, da Laica, da Pitucha, da Nina, do Totó, do Fifo, do Hulk… Não cabiam mais fotos na sua parede!
Mas, dentre todos aqueles cachorros, o que Otávio mais gostava era um cachorrinho chamado Bimbo. Bimbo era deficiente e só andava usando uma cadeirinha de rodas própria para cachorros. Esse era seu cachorrinho predileto. Como ele se sentia feliz em ver Bimbo correndo e latindo pelo gramado! Parecia que o mundo era perfeito naquela hora! Todos os dias, Otávio saía com Bimbo e um ajudava o outro a ser mais feliz e a esquecer as tristezas da vida! E assim, Otávio aprendeu que o segredo da felicidade era fazer o bem aos outros. Nunca mais deixou que a tristeza morasse em seu coração!

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