I - BRINCANDO
E APRENDENDO
Vovó Esmeralda tricotava, enquanto, por cima dos óculos, cuidava de seus netinhos que brincavam na redondeza.
Depois de certo tempo, cansados de brincar cada um por si, os meninos
vieram assentar perto de Paula, que lia poesias.
Conversa vai, conversa vem, Paula contou que a poesia que acabara de ler dizia que nascer e morrer são acontecimentos da vida.
Este assunto deixou Luizinho arrepiado que até pedira:
_ Não fale em morte! Eu tenho medo.
_ Mas o que é a morte? Perguntou Roberto com ares de intelectual.
_ Não sei explicar. Disse Paula.
_ Nem eu. Complementou Luizinho.
_ Acho melhor a gente perguntar à vovó...
_ Vamos, a vovó sabe tudo! Concordaram todos.
II - CONVERSANDO
COM A VOVÓ
Um após o outro, seguiram até o banco onde vovó os observava.
Tão logo chegaram, vovó Esmeralda perguntou com a sabedoria de quem já
viveu muito:
_ O que houve crianças? O que está perturbando vocês?
_ Estou com medo, vovó! Respondeu Luizinho.
_ Medo de que? Perguntou vovó Esmeralda.
Antes que Luizinho respondesse, Paula explicou:
_ Estou lendo uma poesia que diz que nascer e morrer são fatos naturais
da vida, aí Luizinho ficou com medo e o Roberto quis saber o que é morte,
mas nós não soubemos explicar.
_ Então viemos lhe perguntar. Completou Roberto.
Aparentando indiferença às preocupações das crianças, vovó Esmeralda
olhou em volta como se procurasse alguma coisa no jardim.
Continuou em silêncio até que seus olhos brilharam quando encontrou o que procurava.
III - A
PASSAGEM
_ Meus queridinhos, olhem que beleza aquela flor! Vejam , continuou a
vovó, aquela borboleta como é linda. Observem como a vida está presente por
todos os lados. Olhem...
_ Vovó, acho que a senhora não entendeu a nossa pergunta. Atalhou Paula, interrompendo a fala da vovó.
_ Nós queremos saber é o que é a morte.
Vovó Esmeralda com paciência e serenidade de que lhe eram peculiares, respondeu carinhosamente:
_ Meus queridos, não há motivos para vocês se preocuparem tanto assim com esse assunto. Deus, que é Pai bondoso, não permitiria que nos acontecesse coisa ruim. A morte é uma passagem desta vida física para a vida
espiritual.
_ Como assim vovó? Quis saber Luizinho que não entendeu bem esta coisa de físico-espiritual.
_ Mas vovó, é verdade que todos...que todos nós vamos morrer? Perguntou Roberto
preocupado.
IV - A
BORBOLETA
_ Sim, isto é
verdade, respondeu vovó Esmeralda. Mas só o corpo morre, e ele é uma sala de
aula para o espírito.
_ Como assim?
_ Vejamos a
borboleta. Ela passa por vários corpos durante a sua vida para dar o seu vôo
majestoso.
_ Vocês conhecem
as transformações da borboleta? perguntou a bondosa Esmeralda.
_ Não!Deve ser
legal. Conta prá nós vovó. Conta, insistiu Luizinho.
_ A borboleta -
diz vovó - nasce inicialmente de um pequeno ovo, a futura borboleta ensaia
seus movimentados no desajeitado e irrequieto corpo de uma larva.
V - O SONO
PROFUNDO
Treinada nos movimentos, ensaia os passos no corpo, agora transformado,
da comilona lagarta.
É hora do sono profundo...
A lagarta, tem dentro de si a futura borboleta. Ela sabe que precisa
dormir para a grande transformação. Caminha silenciosa ao local onde deve adormecer. Deixa de ser comilona. Pára, se enrosca e se transforma num casulo, aparentemente sem vida. Morre para o mundo...
Vovó fez uma pequena pausa.
_ E aí vovó? Ela morreu mesmo? Pergunta Paula curiosa.
VI - A
METAMORFOSE
_ Não, querida. Sorriu e completou a vovó : É como se ela estivesse
trocando de roupas.
Passados alguns dias, depois de várias transformações, nasce do casulo
inerte a borboleta de extraordinária beleza.
Trêmula, inibida, encara o mesmo mundo em que vivera antes, como se nunca
o tivesse conhecido.
Ensaia os primeiros movimentos com suas lindas asas. Voa , voa... Olha de cima, o solo em que antes rastejava com seu pesado corpo de lagarta. É a beleza da vida superando a morte...
_ Então morrer é isso vovó? pergunta Roberto.
_ Meus queridos, a metamorfose da borboleta serve apenas para ilustrar o que a vovó quer explicar. Conosco acontece uma transformação parecida
apenas.
_ Como assim vovó? Quis saber Luizinho.
_ A nossa vida também continua, independentemente do corpo, que é como o casulo da borboleta. Deixamos para trás ao morrermos, mas seguimos com o nosso ser espiritual, a nossa alma, o nosso ser que é imortal...
Continuamos a ser nós mesmos, com nossos pensamentos, nossa personalidade
e gostos. A vida não cessa com a morte. A morte é como se fosse uma troca
de roupas, assim como a borboleta trocou de corpo.
_ Entenderam? perguntou a vovó.
_ Quase tudo! Responderam todos.
Vovó Esmeralda sorriu um sorriso de quem já viveu muito , de quem é
paciente e sabe que vai ter tempo para ensinar e aprender muito mais...
( Morelli, Jaci.
in: A Vovó Sabe Tudo. Tema : A morte. Edição Editora Espírita Cristã
Fonte Viva.
Obra classificada
em 2o lugar no I Concurso de Literatura Infantil da AME/BH
- publicação devidamente autorizada por
editora Fonte Viva)