5 dicas para uma aula melhor





Brasílio Neto



1 - Incite, não informe
Uma boa aula não termina em silêncio, ou com os alunos olhando para o relógio. Ela termina com ação concreta. Antes de preparar cada aula, pergunte-se o que você quer que seus alunos aprendam e façam e como você os convence disso?
 Olhe em volta, descubra o que pessoas nas mais diferentes profissões fazem para conseguir a atenção dos outros. Por exemplo, ao fazer um resumo de uma matéria, não coloque um “título”; imagine-se um repórter e coloque uma manchete. Como aquela matéria seria colocada em um jornal ou revista? Use o espírito das manchetes, não seja literal, nem tente ser um professor do tipo:

Folha: Números Primos encontrados no congresso. 68% dos outros algarismos são contra IstoÉ: Denúncia: A conta secreta de Maurício de Nassau. Fernando Henrique poderia estar envolvido, se já fosse nascido.
Zero Hora: O Mar Morto não fica no Rio Grande do Sul. Apesar disso, você precisa conhecê-lo. Caras: Ferro diz que relacionamento com oxigênio está corroído: “Gás Nobre coisa nenhuma”.

2 - Conheça o ambiente
Você nunca vai conseguir a atenção de uma sala sem a conhecer. Onde moram os alunos e como eles vivem - quem vem de um bairro humilde de periferia não tem nada a ver com um morador de condomínio fechado, apesar de, geograficamente, serem vizinhos. Quais informações eles tiveram em classes anteriores, quais seus interesses. Mesmo nas primeiras séries cada pessoa têm suas preferências e o grupo assume determinada personalidade.

 3 - No final das contas (e no começo também)
As partes mais importantes de uma aula são os primeiros 30 e os últimos 15 segundos. Todo o resto, infelizmente, pode ser esquecido se você cometer um erro nesses momentos.
 Os primeiros 30 segundos (principalmente das primeiras aulas do ano ou semestre) são um festival de conceituação e de cálculo dos discentes. Mesmo inconcientemente, eles respondem às seguintes questões:
  • - Quem é esse professor? Qual seu estilo? 
  • - O que posso esperar dessa aula hoje e durante todo o ano? 
  • - Quanto da minha atenção eu vou dedicar? 
 E isso, muitas vezes, sem que você tenha aberto a boca.

4 - Simplifique
Você certamente já presenciou esse fenômeno em algumas palestras: elas acabam meia hora nates do final. Ou seja, o apresentador fala o que tinha que falar, e passa o resto do tempo enrolando. Ou então, pior, gasta metade da apresentação com piadas, truques de mágica, histórias pessoais que levam às lágrimas, “compre meu livro” e aparentados, e o assunto, em si, é só apresentado no final - se isso.

Por isso, ukma das regras de ouro de uma boa aula é - simplifique, tanto na linguagem como na escrita. Caso real: reunião de condomínio na praia, uma senhora reclamava que sua TV não funcionava direito. Explicaram-lhe que era necessário sintonizar em UHF. Ela então perguntou para quê a diferença entre UHF e VHF. Um vizinho prestativo passou a discorrer sobre difereças na recepção, como uma transmissão poderia interferir na outra, nas características geográficas... Ela continuava com aquela cara de quem não entendia nada. Até que um garoto resumiu a questão em cinco letras:

“AM e FM.”

“Ahhh, entendi.”

Escrever e falar da maneira mais simples possível não significa suavisar a matéria ou deixar de mencionar conceitos potencialmente “espinhosos”. Use e abuse de exemplos e analogias. Divida a informação em blocos curtos, para que seja melhor assimilada.

 5 - Ponha emoção
Certo, você tem PhD naquela área, pesquisou o assunto por meses a fio, foi convidado para dar aulas em faculdades européias. Mesmo assim, seus alunos podem não presetar atenção em você. Segundo estudos, o impacto de uma aula é feito de:

  • - 55% estímulos visuais - como você se parece, anda e gesticula; 
  • - 38% estímulos vocais - como você fala, sua entonação e timbre;
  • - e apenas 7% de conteúdo verbal - o assunto sobre o qual você fala. 
 Apoiar-se somente na matéria é uma forma garantida de falar para a parede, já que grande parte dos alunos estará prestando atenção em outra coisa. Treine seus gestos, conte histórias, movimente-se com naturalidade. Passe sua mensagem de forma intererssante.

Para o bem e para o mal, você dá aula para a geração videoclipe. Pessoas que foram criadas em frente aos mais criativos comerciais, onde videogames mostram realidades fantásticas. Entretanto, a tecnologia deve ser encarada como aliada, e não inimiga - apresentações multimídia, aparelhos de som, videocassetes - tudo isso pode ser usado como apoio à sua aula.
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Júlio Clebsch

Classes participativas não nascem prontas, mas são desenvolvidas. Eis algumas técnicas para você usar em sua classe:

1 – QUEM PERGUNTA QUER SABER
Fazer uma pergunta e esperar a resposta é uma das maneiras mais simples de se conseguir uma interação maior de seus alunos. Porém, no início pode ser difícil conseguir que alguém participe. Algumas vezes, será necessário sortear um aluno para responder. Após conseguir a primeira participação, esforce-se para manter o interesse de sua turma:
- Repita e certifique-se. Fale algo como: "então, o que você está dizendo é que..." a seguir, peça para o aluno desenvolver mais a idéia, se necessário, ou se alguém concorda ou discorda da afirmação.
- Dê a eles o controle. Se várias pessoas levantarem a mão concordando ou discordando da afirmação de um aluno, peça a ele para escolher quem fala a seguir, e assim sucessivamente. Isso diminui o receio a participação, uma vez que eles estarão falando diretamente com um colega, e não com o professor.
- Elogie quando necessário. Agradeça ao aluno que trouxer alguma nova informação ou participação interessante à sala de aula.
- Participe ativamente. Se a discussão não estiver rendendo, dê ao grupo novas informações, use o humor, dê e peça exemplos práticos daquilo que está sendo estudado.

2 – INFORMAÇÃO
Antes de começar uma discussão sobre algum assunto, explique o que vai ser feito e por quê. Ninguém gosta de ficar em suspense, sem saber o que irá acontecer. Explique a seus alunos que a discussão irá permitir que todos entendam melhor a matéria, diminuindo o tempo necessário para estudos em casa, por exemplo. Informe também o tempo disponível para aquela atividade.

3 – DESAFIE
Poucas coisas garantem mais participação em sua aula do que algo dito em tom de desafio. Inspire-se nos programas de perguntas e respostas da televisão, faça com que a turma encare dar uma resposta como uma questão de honra. Tive um professor que começou o ano letivo afirmando que, durante as aulas dele, estaríamos concorrendo a "milhões em pontos". E, realmente, de vez em quando ele fazia uma pergunta valendo meio ponto a mais na prova. Foram poucas vezes, mas garantiu a participação de todos e, de quebra, reduziu o número de faltas.

4 – DENÚNCIAS ANÔNIMAS
Circule folhas de papel onde os alunos possam responder suas questões sem serem identificados. Esta tática é útil quando o assunto envolve questões éticas ou você quer respostas sintéticas. Também faz com que todos se manifestem, o que pode estimular a participação, uma vez que todos percebem que você realmente quer a opinião deles.

5 – LIBERE A "COLA"
Faça uma pergunta e peça para os alunos responderem, com a ajuda do colega que senta na frente ou atrás. Dê pouco tempo para essa atividade, do contrário poderão surgir assuntos paralelos à aula. Cinco minutos são suficientes.

6 – USE A IMAGINAÇÃO
"Se eu fosse prefeito, eu faria...", "Se eu fosse um bandeirante, eu...", e outras frases desse tipo são excelentes para garantir a participação dos alunos. Para evitar repetições, peça que cada estudante responda algo que ainda não tenha sido dito por um colega.

7 – CASO A CASO
Comece a aula contando um caso que possa ser resolvido com a matéria que você vai explicar, e pergunte como seus alunos resolveriam o problema. Após alguns minutos tentando, dê sua aula, e termine-a perguntando, agora, como eles resolveriam aquela questão. Este método tem um bônus de aumentar a taxa de retenção de aprendizagem, uma vez que seus alunos aplicam imediatamente o que aprenderam.

8 – USANDO O IBOPE
Outra maneira de garantir a participação de seus alunos em sala de aula é através de pesquisas rápidas. Caso você tenha que fazer uma questão que envolva escolha entre duas alternativas, utilize o velho método de "quem acha que é a resposta ‘1’ levante a mão." A grande vantagem desse método é que você pode fazer uma pergunta em seguida: "Por quê?" e começar uma discussão maior.
Uma variação desse método pode ser conseguida através de perguntas do tipo "certo" e "errado". Faça uma afirmação e pergunte se seus alunos acham que ela é verdadeira ou falsa. Informe antes seus alunos sobre as regras do jogo, e avise quando ele acabar, pois os estudantes levam muito a sério tudo o que o professor diz.

9 – PERGUNTAS E RESPOSTAS
Dê a cada estudantes dois cartões, cada um com o início de uma
afirmação:

  • Cartão 1 – "Eu ainda tenho dúvidas a respeito de __________________"
  • Cartão 2 – "Posso responder perguntas sobre _____________________"


Certifique-se que todas as perguntas e respostas são pertinentes à sua matéria, e faça os alunos procurarem as respostas às suas dúvidas entre si. Depois, reúna as dúvidas remanescentes e esclareça-as.

10 – MESA REDONDA
Certamente você já viu um desses programas de discussões na televisão. Copie a fórmula na sua aula, convidando um pequeno grupo de alunos à frente para discutir um tópico. Você pode tornar essa discussão mais rica, se der a esses expositores algum tempo para preparar suas opiniões (contra ou a favor) a respeito do tópico, digamos de um dia para outro. Os outros alunos fazem perguntas. Ao utilizar essa técnica uma segunda vez, não repita nenhum dos "convidados", garantindo a participação de todos.


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