A arte e a música e sua importância na evangelização do Ser



 Oi, amigos,
Confiram abaixo um material que organizei carinhosamente para uma capacitação de evangelizadores.
Dentre outras coisas, há dicas de como usar a música com crianças...
Reproduzi abaixo o texto na íntegra.
A arte e a música e sua importância na evangelização do Ser
(Coletânea de textos e artigos para estudos)
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Um fraterno e solidário abraço,
Graça Melo    
E-mail e MSN:
graca.melo@infonet.com.br
Aracaju - Sergipe - Brasil
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A arte e a música e sua importância na evangelização do Ser
(Coletânea de textos e artigos para estudos)  

Deixa que teu coração voe, além do horizonte, nas asas da música sublime que verte do Céu a Terra, a fim de conduzir-te da Terra ao Céu... Ouve-lhe os poemas de eterna beleza, em cuja exaltação da harmonia tudo é gloriosa ascensão.
Nesse arrebatamento às Esferas do Sem Fim, o silêncio será criação excelsa em tua alma, a lágrima ser-te-á soberana alegria e a dor será teu cântico. Escuta e segue a flama do pensamento que transpõe a rota dos mundos, associando tuas preces de jubilosa esperança às cintilações das estrelas!...
Não te detenhas. Cede à cariciosa influência da melodia que te impele à distância da sombra, para que a luz te purifique, pois a música que te eleva a emoção e te descerra a grandeza da vida significa, entre os homens, a mensagem permanente de Deus.             F.C Xavier/Emmanuel, em Trilha de Luz


APRESENTAÇÃO
 “A música nos une, nos eleva, nos liberta e nos ilumina...” Grupo Revoada
O presente trabalho destina-se a prover subsídios que permitam um estudo, ainda que superficial, acerca do uso da Arte e, em especial, da música como instrumentos pedagógicos no esforço evangelizador na seara espírita.
Sabendo que o ser humano é espírito em evolução, com bagagens multifacetadas e talentos adormecidos, não se desconhece que aqueles que hoje se encontram na posição de evangelizandos (a quem devemos iluminar os caminhos com o exemplo de nossa vivência e as luzes do Evangelho de Jesus e da abençoada Doutrina codificada por Allan Kardec) também possuem dons já aflorados ou ainda adormecidos, à espera de um toque, de uma situação onde o despertar ocorra com naturalidade para seu crescimento e amadurecimento espiritual.
O uso da Arte, mais e mais preconizado no meio educacional pelos benefícios inquestionáveis que proporciona ao processo de ensino-aprendizagem, justifica-se no contexto da evangelização ou da educação espírita como fator motivacional, de sensibilização por excelência, de liberação de energia, de elevação do tônus vibratório, de facilitação da absorção de conteúdos educativos e moralizantes.
Todas as expressões artísticas passíveis de serem utilizadas nesse contexto – pintura, desenho, dança, teatro, técnicas de modelagem, canto, poesia, dentre outras – só vêm a tornar mais atraentes e ricas, mais dinâmicas e criativas, as aulas sobre temas, algumas vezes, abstratos ou de difícil absorção, a depender do nível de maturidade ou de escolaridade da turma.
A música espírita, de cunho educativo e evangelizador, tem sido utilizada com excelentes resultados do ponto de vista dos benefícios para os evangelizandos, sejam crianças, jovens ou adultos, de situação sócio-econômica normal ou menos favorecida.
A Equipe de evangelizadores/educadores espíritas tem necessidade de melhor embasar a sua ação, estudando o valor e o papel da música a serviço da evangelização / educação espírita, desenvolvendo em si mesma os talentos porventura latentes ou mesmo novos talentos, aprimorando aqueles já desabrochados, tudo isso com o objetivo de melhor se qualificar para a tarefa abraçada, a ser desenvolvida com amor e dedicação.
Esse esforço de pesquisa, naturalmente, não esgota o assunto; apenas facilita a recorrência a uma coletânea básica de textos, artigos e mensagens sobre a Arte e a música, fornece uma base de estudo a ser aprofundada eventualmente, e acelera a busca da sintonia com o tema, necessária ao bom desenvolvimento dos trabalhos em que a música é o foco central. 


SUMÁRIO 
I. A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA
II. EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO – INTRODUÇÃO À PEDAGOGIA ESPÍRITA
III. PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EVANGELIZAÇÃO - CONTEÚDO E METODOLOGIA
IV. A MÚSICA – SUAS UTILIDADES E A CRIANÇA
V.  ARTE NO CAMPO DA EVANGELIZAÇÃO
VI. A MÚSICA NA EVANGELIZAÇÃO
VII. PERANTE A ARTE
VIII. FUNDAMENTAÇÃO
IX. UMA DIETA MUSICAL
X.  EU SOU A MÚSICA
XI. AS NOTAS MUSICAIS
XII. ARTE E INTUIÇÃO
XIII. A MÚSICA TERRESTRE


I. A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA... 
Livro dos Espíritos, Questão nº 251 
 “Os Espíritos são sensíveis à música? - Quereis falar de vossa música? O que é ela diante da música celeste? Desta harmonia que nada sobre a Terra pode vos dar uma idéia? Uma é para a outra o que o canto do selvagem é para a suave melodia. Entretanto, os Espíritos vulgares podem experimentar um certo prazer em ouvir a vossa música, porque não são ainda capazes de compreender outra  mais sublime. A música tem para os Espíritos encantos infinitos, em razão de suas qualidades sensitivas muito desenvolvidas. Refiro-me à música celeste, que é tudo o que a imaginação espiritual pode conceber de mais belo e de mais suave.” 
O Consolador, Questão nº 167 - F. C. Xavier/Emmanuel 
“(...) As óperas imortais não nasceram do lodo terrestre, mas da profunda harmonia do Universo, cujos cânticos sublimes foram captados parcialmente pelos compositores do mundo, em momentos de santificada inspiração.
Apenas deste modo podereis compreender a sagrada influência que a música nobre opera nas almas, arrebatando-as, em quaisquer ocasiões, às idéias indecisas da Terra, para as vibrações do íntimo com o Infinito.”


II. EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO – INTRODUÇÃO À PEDAGOGIA ESPÍRITA
Walter O.  Alves
O ritmo está presente na criança a partir de seu próprio organismo: o compasso das batidas do coração, o ritmo compassado do andar, o balançar dos braços, a seqüência interminável do dia e da noite, os horários das refeições, do descanso, tudo à sua volta fala que o universo está envolvido em ritmo harmonioso.
A criança pequena não aprende por conceitos abstratos que falam ao cérebro, mas está mais aberta ao ritmo e ao sentimento que a música transmite. O ritmo e a harmonia da música auxiliam a sua harmonização superior. Assim, letras simples e objetivas em ritmo harmonioso, alcançarão o coração infantil de forma   adequada.
O elemento melódico da música, em harmonia com o ritmo, embala a própria alma, ativando os movimentos interiores do Espírito. A arte melódica-harmônica-rítmica da música atinge as profundezas da alma, transportando o ser espiritual para as esferas superiores da vida, através da inspiração superior, atingindo as vibrações do mundo espiritual elevado e nobre.
A música representa elevada interação vertical com as esferas espirituais. Mediante essa vivência, em nível espiritual, o sentir e o querer se harmonizam, aprimorando o sentimento e o lado moral da vida.
A música pode ser utilizada em conjunto com as artes plásticas, (...), bem como no teatro, na dramatização e em outras atividades desenvolvidas na evangelização. Com os pequenos, uma bandinha rítmica pode trazer bons resultados. A criança pequena, até 6 anos aproximadamente, liga-se mais ao ritmo do que à melodia. Com os maiores de sete anos, a melodia é a parte mais importante, sendo possível a formação de um coral infantil ou de um grupo de música.
Sobre a prática pedagógica nas diferentes etapas:
·         dos 3 aos 7 anos – (..) Utilizar a música, especialmente o canto e as brincadeiras de roda cantadas. Durante as atividades de artes plásticas, utilizar como fundo música suave, de preferência clássica.
·         dos 7 aos 11/12 anos – (...) Trabalhar intensamente com o sentimento da criança, principalmente através da arte. O elemento musical (ritmo, melodia) pode atuar beneficamente na vida sentimental da criança, auxiliando o seu desenvolvimento psíquico harmonioso.
·         dos 13/14 anos em diante – (...) Propiciar oportunidade de participação nas atividades artísticas como: teatro, coral, grupos musicais e de dança.



III. PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EVANGELIZAÇÃO - CONTEÚDO E METODOLOGIA
Walter O. Alves
A música é vibração e pode excitar ou estimular o Espírito, provocando sensações de nível superior, permitindo vibrarmos em sintonia com esse algo superior, despertando a essência Divina que dorme em cada um de nós. Ao vibrar, sintonizamos com vibrações sutis que pululam no Universo. Podemos sentir vibrações que por outros meios não sentiríamos, emoções novas brotam na alma, levando o Espírito a querer evoluir. A música representa, pois, elevada interação vertical com as esferas superiores da vida universal.
Trabalhe iniciação musical e ritmo com a criança pequena. Se possível, forme uma bandinha rítmica. Com as maiores, procure formar um coral. Se houver possibilidades, explore a música instrumental: flauta, violão, teclado, piano... Procure voluntários na casa para trabalhar com as crianças. Associe a música ao teatro e à dança. Procure também utilizar música suave, especialmente a clássica, em conjunto com as artes plásticas. 
Sensibilização 
Procure iniciar cada dia de atividade preparando o ambiente com alegria interior, recebendo as crianças com um sorriso, bom humor e disposição íntima. A música, a poesia, a prece auxiliarão o início das atividades num padrão elevado, com alegria e felicidade por estar ali. (...) Procure  oferecer experiências de sensibilização, que “toquem o coração”, despertando os sentimentos nobre da alma. 
Trabalhando com Crianças de 3 a 6 anos 
Explore o ritmo, músicas com gestos, rodas cantadas. Utilize a música e a poesia juntas. O resultados será ótimo. A criança pequena vibra com o ritmo da música. A poesia declamada também tem ritmo. Explore-o.
Trabalhando os sons – Procure trabalhar com as crianças pequenas com os sons da natureza. Não será difícil gravar: a chuva caindo, pássaros cantando, o som do grilo, da cigarra, os latidos de um cão, etc. Trabalhe a diferença dos sons: sons de metal, madeira, instrumentos musicais... Trabalhe também a diferença entre ruído e música. Música Clássica – Nas atividades de relaxamento, use a música clássica como “fundo musical”. Explore também o silêncio durante o relaxamento: todos em silêncio, relaxados, poderão ouvir sons longínquos. Também utilize a música clássica ou música suave nas atividades de artes plásticas. 
Trabalhando com Crianças de 7 a 12 anos. 
Cante com entusiasmo e amor. Coloque sempre muito amor em tudo o que fizer. Procure formar um coral. Não hesite em pedir ajuda a algum músico que freqüenta a Casa. 


IV. A MÚSICA – SUAS UTILIDADES E A CRIANÇA 
“... está rapidamente se aproximando a hora em que o Homem escolherá sua música com o mesmo cuidado inteligente e o mesmo conhecimento que ele usa agora para escolher sua comida. Quando essa hora chegar, a música tornar-se-á uma fonte importante de cura para muitas doenças individuais e sociais, e a evolução humana será tremendamente acelerada.” Corinne Heline
“Prezo o poder transformador da bela música! Sou extremamente agradecido à música pelo modo como ela enriquece minha vida. A música não é apenas uma fonte de distração; ela representa um alimento vital que me nutre diariamente. Considero a boa música, cuidadosamente selecionada e vivenciada, um agente excepcional de cura, harmonia, inspiração e expansão espiritual da consciência.” Hal A. Lingerman
O ritmo, a harmonia, a melodia... 
O ritmo está presente na criança a partir de seu próprio organismo: o compasso das batidas do coração, o ritmo compassado do andar, o balançar dos braços, a seqüência interminável do dia e da noite, os horários das refeições, do descanso, tudo à sua volta fala que o Universo está envolvido em ritmo harmonioso.
A criança pequena não aprende por conceitos abstratos que falam ao cérebro, mas está mais aberta ao ritmo e ao sentimento que a música transmite. O ritmo e a harmonia da música auxiliam a sua harmonização interior. Assim, letras simples e objetivas, em ritmo harmonioso, alcançarão o coração infantil de forma adequada.
O elemento melódico da música, em harmonia com o ritmo, embala a própria alma, ativando os movimentos interiores do Espírito.
A Arte melódica-harmônica-rítmica da música atinge as profundezas da alma, transportando o ser espiritual para as esferas superiores da vida, através da inspiração superior, atingindo as vibrações do mundo espiritual elevado e nobre.


V. ARTE NO CAMPO DA EVANGELIZAÇÃO
Aglaée de Carvalho

É bastante válida, no meio espírita, a preocupação com atividades artísticas.
Cada um de nós tem um potencial criativo (somos centelhas divinas) e cada espécie de atividade oferece possibilidades criativas. A criação existe em qualquer setor da vida humana e supõe uma capacidade constante de renovação. Na Arte, entretanto, a criatividade humana se expressa mais espontaneamente.
Todos somos seres em evolução, e, a cada novo dia, observamos, percebemos, captamos imagens e experiências, o que leva à necessidade de senti-las, avaliá-las, incorporá-las e expressá-las. Nem sempre, porém, as palavras (na linguagem verbal ou gráfica) exprimem em toda a plenitude a intensidade de uma vivência. Certas realidades subjetivas exigem que sua expressão e comunicação se façam através da Arte.
Caswel e Foshay sugerem que a criança pode usar suas faculdades criativas e artísticas, decorando a sala de aula, arrumando seu próprio quarto, cuidando do jardim da escola ou tirando uma fotografia. Estas e outras experiências criativas favorecem o desenvolvimento e o enriquecimento total da personalidade, reunindo em harmonia a atividade intelectual, a sensibilidade, a habilidade manual e integrando-as num processo criador. Toda experiência que conduz à criação é também educativa. Se assim não fora, Emmanuel (considerando o planeta terrestre numa escola de provação e burilamento) não nos teria esclarecido, na resposta à pergunta 171, do livro “O Consolador”: “Através de suas vidas numerosas a alma humana buscará a aquisição desses patrimônios” (os valores artísticos).
As várias modalidades de expressão artística devem e podem ser estimuladas ou desenvolvidas nos núcleos espíritas juvenis e infantis. Promovendo a desinibição pessoal, permitem maior entrosamento de nossas crianças e de nossos jovens, que se confraternizam, cooperando mutuamente. Contribuem também para o ajustamento social do moço e da criança espíritas, ao valorizar os recursos individuais no campo da sensibilidade. Concorrem, ainda, para a participação mais efetiva, desenvolvendo a capacidade de trabalho em grupo, e também para a incrementação do espírito de serviço e do potencial construtivo. E, naturalmente, possibilitam o interesse pelo estudo do Espiritismo, em decorrência do contato com produções doutrinárias, quer no campo da música, da prosa ou da poesia, etc.
Mas, em se tratando de Arte aplicada ao campo da evangelização, é preciso todo o cuidado quanto às apresentações. É imprescindível sejam elas realizadas sob planejamento antecipado e orientação equilibrada. Lembremos que as atividades artísticas são consideradas integrantes do processo globalizado da educação, isto é, conjugam-se às outras atividades, como as do estudo doutrinário ou do trabalho prático (assistencial, etc). Torna-se, pois, indispensável manter o cunho espírita dos números artísticos.
Quanto a estes, convém sejam examinados e selecionados, porque, em seu conteúdo, não devem ferir a integridade da Doutrina Espírita. Adequados, tendo em vista os objetivos da reunião, a ocasião e o local em que serão apresentados. Se é uma reunião comemorativa, por exemplo, organizar o programa de modo a que as apresentações estejam relacionadas com a data comemorada. Acrescentemos aqui: bom senso e critério, na determinação de tais datas, nunca são demais...
Seja qual for a finalidade da reunião espírita (comemorativa, de confraternização, etc) ou da atividade realizada fora do ambiente físico da instituição onde criança e moço se evangelizam (por exemplo: visitas a hospitais, asilos, etc., onde, eventualmente, possam ocorrer apresentações artísticas), mister se faz a previsão do tempo, evitando uma extensão demasiada do programa e conseqüente sobrecarga e enfado para os assistentes. E, quanto possível, observar os horários de início e término.
Como dissemos, realmente se justifica o cuidado quanto à utilização das artes no meio espírita, em vista, dos seus aspectos positivos. Mas a preocupação procede, sobretudo, porque as atividades a que nos referimos são como sementes lançadas ao santificado campo da evangelização. Orientação doutrinário-evangélica à infância e juventude corpóreas é significativo ensejo para a renovação espiritual. Se, transmitindo os ensinamentos da moral cristã, pretende-se a sublimação de criaturas, recordemos André Luiz: “A arte deve ser o Belo criando o Bom”.
Reformador - Brasil Espírita - Abril de 1971


VI. A MÚSICA NA EVANGELIZAÇÃO
Graça Melo 
Para começo de conversa...
“No seu início, o homem não tem senão instintos; mais avançado e corrompido só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o ponto mais delicado do sentimento é o amor...”. (E.S.E., Cap. XI)

“O amor é o eterno fundamento da educação”. Henrique Pestalozzi

“Educação é o desenvolvimento natural, progressivo e harmonioso de todos os poderes e faculdades do ser.” Henrique Pestalozzi
Duas fontes de inestimável valor – Kardec e Pestalozzi, fundadores da Pedagogia do Amor, fundamentados no maior exemplo de amor que o mundo pôde conhecer, Jesus...
Pestalozzi utilizava a Pedagogia do Amor... A criança recebia a vibração intensa de seu nobre coração - eis porque o evangelizador deve amar o que faz e passar esse amor no olhar, no sorriso, na voz, no gesto, na dedicação à tarefa...
Jesus adotou a Pedagogia do Exemplo... E todos ficavam impregnados não somente pelo seu alto padrão vibratório, mas pelo poder do amor que de si emanava - daí a necessidade de exemplificação que deve ter o evangelizador e da consciência de que o que ele conseguir “Ser”, é isso o que passará aos evangelizandos.
Kardec, inspirado nas lições pestalozzianas, fez uso da Pedagogia da Liberdade, da Observação, da Análise e do Amor... – por isso a tarefa de evangelização deve requerer esforço por parte do evangelizador no sentido de sua qualificação para a tarefa, de imensa responsabilidade.
Sentimento... Amor...  Educação...  Forças propulsoras do Espírito rumo à sua evolução. E a música?
 “O Espiritismo prova a importância da música para a evolução do Espírito, não somente no plano de vida terrena, mas também na vida espiritual”. (Anuário Espírita, 1989)
Em Nosso Lar, a localização do Campo da Música no seio do Ministério da Elevação nos faz pensar na importância da música para a evolução do Espírito... Na estrela de seis pontas, de um lado, o Ministério do Esclarecimento (conhecimento nobre, princípios superiores...), do outro lado, o Ministério da Elevação (do sentimento, desenvolvimento de ideais nobres, do sentimento elevado...) e ao centro, o Ministério da União Divina... o Saber de um lado, o Amor do outro lado, ambos conduzindo à união com Deus... O amor sendo despertado, os Espíritos sendo mais e mais sensibilizados para o Amor, com o uso da Música... (W. O. Alves, in Educação do Espírito – Introdução à Pedagogia Espírita, com adaptação)
Compreendemos a música como instrumento de educação do Espírito e de sensibilização por excelência. A música de qualidade que toca o sentimento... A música que quando revestida de conteúdo edificante e significante... nos une a esferas espirituais superiores, fortalecendo nossa vontade direcionada ao Bem, no sentido de nosso auto-aprimoramento... nos eleva o padrão vibratório, os pensamentos e os sentimentos... nos liberta de amarras, tensões e atavismos do passado, melhorando a nossa sintonia... e nos ilumina o coração e a mente, tornando-nos mais suscetíveis e abertos ao aprendizado de novas atitudes e conhecimentos.
Nos diz Walter O. Alves que “a música representa elevada interação vertical com as esferas espirituais. Mediante essa vivência, em nível espiritual, o sentir e o querer se harmonizam, aprimorando o sentimento e o lado moral da vida. O elemento melódico da música, em harmonia com o ritmo, embala a própria alma, ativando os movimentos interiores do Espírito. A arte melódica-harmônica-rítmica da música atinge as profundezas da alma, transportando o ser espiritual para as esferas superiores da vida, através da inspiração superior, atingindo as vibrações do mundo espiritual elevado e nobre”.
Sabemos que quando o Espírito reencarna, até os sete anos, ainda tem adormecidas as suas potencialidades... Somente após esse período é que se consolida o seu processo reencarnatório e ele começa a revelar suas tendências.
Walter Oliveira Alves, no livro Educação do Espírito – Introdução à Pedagogia Espírita, nos dá um alerta: “Não podemos perder de vista que a criança é o Espírito que retorna à nova fase evolutiva e que traz seus talentos interiores esperando pelo incentivo dos que a acolhem...”  Estes talentos podem incluir talentos artísticos, bom é refletir...
Observando suas tendências e os princípios consagrados da educação, é que os pais direcionam a correção das más inclinações emergentes, bem como a potencialização de suas qualidades intrínsecas desde cedo, com o auxílio da escola convencional - para desenvolvimento do lado social, intelectual e da razão, mais materializado, em sintonia com o mundo de relação em que vive - e da escola de educação moral ou de evangelização - para desenvolvimento do lado espiritual, em suas virtudes e qualidades morais.
A escola de evangelização tem que se valer de técnicas, processos, métodos, ferramentas e instrumentos, que facilitem o processo de ensino-aprendizagem e também o desabrochar das infinitas potencialidades do Espírito eterno adormecido na criança. Nesse sentido, segundo o mesmo autor, “o valor da Arte na Evangelização é imenso, tanto no que se refere ao conhecimento espírita, quanto ao desenvolvimento de sentimentos superiores”, constituindo-se em “poderoso instrumento de educação do sentimento e de educação dos impulsos da alma, canalizando-os para o Bem e para o Belo”. 
As ferramentas têm por objetivo motivar, melhor fixar conteúdos, sensibilizar, integrar o evangelizando consigo mesmo e com os outros, abrir o campo mental, etc. Segundo o citado autor, “a Arte, em geral, como atividade criadora por excelência, vem ao encontro das necessidades de movimento e ação da criança e do jovem. Não apenas ação motora, física, mas, principalmente, os movimentos intensos da própria alma, do ser espiritual, na expansão do sentir e do querer. (...) A Arte é um dos mais valiosos canais de expressão... Ao evangelizador cabe conduzir essa criatividade para os canais superiores da vida.”
A música, nesse contexto, é uma das ferramentas facilitadoras. Não a única, nem a principal... Para crianças pequenas, é fundamental e seu uso facilita sobremodo a tarefa do evangelizador. Aliada a gestos e coreografias, é elemento dinamizador das atividades. 
Sabendo que “as crianças aprendem através de atividades adequadas ao seu nível de desenvolvimento”, pois, nos ensina Pestalozzi, que “o olho quer ver, o ouvido ouvir, o pé quer andar e a mão agarrar! Da mesma forma o coração quer crer e amar e o espírito quer pensar”, devemos procurar ferramentas que propiciem essa ação do evangelizando, o que o motivará mais e mais a freqüentar as aulas de evangelização.
Nos diz o aludido autor que “A criança pequena não aprende por conceitos abstratos que falam ao cérebro, mas está mais aberta ao ritmo e ao sentimento que a música transmite. O ritmo e a harmonia da música auxiliam a sua harmonização interior. Assim, letras simples e objetivas, em ritmo harmonioso, alcançarão o coração infantil de forma adequada”; e que “o ritmo está presente na criança a partir de seu próprio organismo: o compasso das batidas do coração, o ritmo compassado do andar, o balançar dos braços, a seqüência interminável do dia e da noite, os horários das refeições, do descanso, tudo à sua volta fala que o Universo está envolvido em ritmo harmonioso”. 
Como escolher a música... 
A música também é uma forma de evangelizar, quando tem conteúdo e quando este conteúdo traduz a mensagem da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus.
Às vezes observa-se a adoção, nas casas espíritas, muitas vezes por falta de opção, de músicas sem conteúdo educativo ou evangelizador e que, pelo seu ritmo animado, agradam aos evangelizandos.
Alguns aspectos devem ser considerados pelo evangelizador na escolha de músicas que venham a auxiliar no desenvolvimento da tarefa: 
·         O ritmo - a música produz formas-pensamento nobres ou inferiores, conforme seu conteúdo e ritmo, daí o cuidado que teve ter o evangelizador na escolha das peças musicais a serem trabalhadas, de modo que não venham a despertar a violência ou a sensualidade, por exemplo; o ritmo, suave ou mais movimentado, deve ser harmonioso.
·         A tonalidade – adequada à região de canto onde as crianças sintam-se mais à vontade, a música deve ser em tons maiores, preferencialmente, por serem os mesmos mais alegres.
·         A origem/procedência – a música 100% espírita traduz mensagens compatíveis com os princípios espíritas, o que pode não ocorrer com músicas adaptadas ou de origem religiosa diversa, que, em alguns casos, podem até entrar em contradição com a Doutrina.
·         O conteúdo – as letras devem ser revestidas de linguagem simples, clara e objetiva, de modo a traduzir com fidelidade o conteúdo pretendido, sem duplo-sentido e sem complexidade exagerada; e devem traduzir com fidelidade o que apregoa a Doutrina.
·         A interpretação – as canções devem ser cantadas com alegria; o evangelizador deve sentir o que canta para poder passar realmente a mensagem; o uso de gestos e coreografias é muito apreciado pelas crianças e até pelos jovens e servem para liberar energia, integrar e animar. 
Como usar... 
Assim, para momentos diversos, músicas diferenciadas devem ser escolhidas.
·         Na preparação para a prece – músicas harmonizantes, suaves, que inspirem paz e acalmem as crianças ou jovens; de conteúdo que eleve ou instrumental de sopro ou corda, que agem no corpo emocional dos evangelizandos...
·         No momento de integração - músicas alegres, para liberar energia, favorecer a aproximação e o contato físico, para desinibir; com instrumentos de metal e percussão, para ativar o corpo físico dos evangelizandos; associadas a atividades recreativas;
·         Na atividade introdutória ou motivacional, no desenvolvimento do conteúdo e/ou na atividade de fixação – músicas de conteúdo pertinente, que introduzam o tema da aula, que concentrem a atenção, podendo, ou não, ser associadas a atividades lúdico-educativas; preferencialmente com instrumentos de corda, para alcançar o corpo mental dos evangelizandos. 
Para que usar...
Importante é destacar que a música tem várias utilidades, independentemente de ser ferramenta valiosa no contexto da evangelização. A nova ciência da musicoterapia aponta inúmeras vantagens que justificam a sua adoção. Hal Lingerman, estudioso do assunto e autor do livro “As energias curativas da música”, aponta algumas coisas que a boa música pode fazer:
·         atenuar a fadiga física e a inércia, aumentando a vitalidade física,
·         acalmar a ansiedade e as tensões,
·         liberar a raiva,
·         elevar os sentimentos,
·         penetrar em estados de espírito,
·         concentrar o pensamento,
·         ajudar a definir claramente metas,
·         liberar a coragem e a persistência,
·         aprofundar os relacionamentos e enriquecer amizades,
·         fortalecer a caráter e o comportamento construtivo,
·         expandir a consciência de Deus,
·         estimular a criatividade e a sensibilidade. 
E se eu não souber cantar...
Neste caso, utilize-se de gravador ou toca CD ou, na falta destes, peça às crianças que cantem e as acompanhe com palmas, animando, criando com elas uma coreografia ou movimentos sincronizados, de modo que o ato de cantar seja algo natural. Não passe para a criança ou para o jovem a sua timidez.
Seja sincero, diga, se for o caso, que não é lá muito afinado, que não tem lá muito ritmo, mas mostre a elas que cantar é algo prazeroso.  Brinque, implorando que não corram quando você começar a soltar as suas primeiras notas musicais... Eles vão achar engraçado e vão participar ativamente (é possível até que alguns corram, de brincadeirinha). 
Como ensinar as músicas? 
Tudo é um processo natural... Recomenda-se primeiro ensinar a letra. Quando estiver devidamente decorada, o ritmo inclusive (que pode ser marcado com palmas), aí você deve introduzir a melodia. Se tocar um instrumento, tenha o cuidado de ajustar o tom da música à voz das crianças (normalmente mais aguda que a dos adultos), para que com a voz perceptível, a criança sinta-se feliz em cantar (que ouça a sua própria voz, pois isto é muito importante – até para perceber se está errando).
Walter Oliveira Alves, no livro “Prática Pedagógica na Evangelização – Conteúdo e Metodologia”, recomenda: “trabalhe iniciação musical e ritmo com a criança pequena. Se possível, forme uma bandinha rítmica. Com as maiores, procure formar um coral. Se houver possibilidades, explore a música instrumental: flauta, violão, teclado, piano... Procure voluntários da Casa para trabalhar com as crianças. Associe a música ao teatro e à dança. Procure também utilizar música suave, especialmente a clássica, em conjunto com as artes plásticas”.
Sobre a prática pedagógica propriamente dita, o autor sugere que dos 3 aos 7 anos, se utilize a música, especialmente o canto e as brincadeiras de roda cantadas e músicas de fundo suave, de preferência clássicas, para acompanhar as atividades de artes plásticas; dos 7 aos 11 ou 12 anos, recomenda trabalhar intensamente com o sentimento da criança, principalmente através da Arte - nessa etapa, o elemento musical (ritmo e melodia) pode atuar beneficamente na vida sentimental da criança, auxiliando o seu desenvolvimento psíquico harmonioso; e dos 13 anos acima, que deve-se propiciar oportunidade de participação nas atividades artísticas como teatro, coral, grupos musicais e de dança.
Uma recomendação final do autor: “Cante com entusiasmo e amor. Coloque sempre muito amor em tudo o que fizer...” 
Uma curiosidade... E algumas pérolas... 
Você sabia que a primeira obra mediúnica publicada no Brasil por Chico Xavier utilizou a Arte para transmitir mensagens de 56 poetas renomados?
“A música é a palavra em harmonia.” André Luiz, in Respostas da Vida.
“... está rapidamente se aproximando a hora em que o Homem escolherá sua música com o mesmo cuidado inteligente e o mesmo conhecimento que ele usa agora para escolher sua comida. Quando essa hora chegar, a música tornar-se-á uma fonte importante de cura para muitas doenças individuais e sociais, e a evolução humana será tremendamente acelerada.” Corinne Heline
“Prezo o poder transformador da bela música! Sou extremamente agradecido à música pelo modo como ela enriquece minha vida. A música não é apenas uma fonte de distração; ela representa um alimento vital que me nutre diariamente. Considero a boa música, cuidadosamente selecionada e vivenciada, um agente excepcional de cura, harmonia, inspiração e expansão espiritual da consciência.” Hal A. Lingerman 


VII. PERANTE A ARTE
André Luiz 
 “Colaborar na Cristianização da Arte, sempre que se lhe apresentar ocasião.
A Arte deve ser o Belo criando o Bem.

Repelir, sem crítica azeda, as expressões artísticas, torturadas que exaltem a animalidade ou a extravagância.
O trabalho artístico que trai a Natureza nega a si próprio.

Burilar incansavelmente as obras artísticas de qualquer gênero.
Melhoria buscada, perfeição entrevista.

Preferir as composições artísticas de feitura espírita integral, preservando-se a pureza doutrinária.
A arte enobrecida estende o poder do amor.

Examinar com antecedência as apresentações artísticas para as reuniões festivas nos arraias espíritas, dosando-as e localizando-as segundo as condições das assembléias a que se destinem.
A apresentação artística é como o ensinamento:
deve observar condições e lugar.


“E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” – Paulo (Filipenses, 4:7)

Do livro: Conduta Espírita, por Waldo Vieira/André Luiz. 



VIII. FUNDAMENTAÇÃO
Da Apostila de Iniciação Musical, FEB/DIJ, 1986. 
A primeira manifestação artística do ser humano foi a Música, que evoluiu com ele. Valorizada através dos tempos, mas só acessível a poucas pessoas ou classes sociais, nas salas dos palácios e grandes teatros, sofrendo influências nos respectivos gêneros por força de criatividade de tantos gênios, chega à Época Contemporânea com as facilidades conseguidas graças à fabricação em série de instrumentos, à impressão das pautas e aos meios de comunicação cada dia mais sofisticados. Hoje, com os computadores, a televisão e o rádio, quem não acompanha, no mundo inteiro, as orquestras, os conjuntos, os grupos sonoros, os cantores preferidos? Onde estiver o ser humano, aí estará a música.
Sob orientação pedagógica, no campo e processos de ensino/aprendizagem, assume a música um papel muito importante na atualidade, revelando-se o grande recurso na Educação, pois se sabe que as crianças se expressam mais livremente através dela.
Associada ao desenvolvimento do senso rítmico, contribui para enriquecer as atividades educativas desenvolvidas com as crianças de 3 a 4 anos. E na tarefa de Evangelização, no ciclo Maternal, não deve ser dispensada.
Cumpre acrescentar, ainda, que a universalidade dessa arte magnífica, seu conteúdo tão emotivo, que atinge os mais profundos refolhos da alma, torna o seu emprego um fator educativo dos mais ricos e agradáveis, pois não há criança que não goste de cantar, se essa atividade lhe for sugerida de maneira compatível com o estágio evolutivo dos seus interesses.
Através de exercícios de desenvolvimento do ritmo e da entoação de pequenas canções, as crianças de 3 e 4 anos adquirem condições de maturidade que lhes favorecem o aprendizado de novos conhecimentos e a incorporação de salutares hábitos e atitudes.
Esse fato pode passar despercebido à maioria, mas, na realidade,  a compreensão de assuntos mais complexos depende do domínio, por parte da criança pequena, de certas habilidades específicas, tais como: saber ouvir, esperar a sua vez, esperar pelo companheiro, falar e responder com desembaraço, compreender e executar ordens etc, que a Música, mediante os exercícios sugeridos para essa faixa etária, pode fornecer.
A tarefa de Evangelização Espírita, educativa por excelência, visa a criatura em todas as suas manifestações, principalmente nas de ordem emocional que a música desenvolve e aprimora.
Encontramos no livro “Allan Kardec”, de Zeus Wantuil e Francisco Thiesen, volume I (p. 39), edição FEB, referências muito oportunas sobre o emprego da Música e da Arte nas atividades educativas no Castelo de Yverdon, dirigido e orientado pelo grande educador suíço João Henrique Pestalozzi, conforme descrição de Roger de Guimps:
“...sobre as representações teatrais, geralmente baseadas nos feitos heróicos da história suíça da Idade Média, sobre os jogos e diversões várias, sobre a importância que Pestalozzi dava ao canto; cantava-se nos intervalos das lições, nos recreios, nos passeios. A Música e o canto adquiriram ali, em 1816 e 1817,  grande impulso com o notável compositor suíço Xaver Schnyder von Wartensee.”
Compreendia o insigne pedagogo a real importância da Música e a empregava fartamente, como ficou evidenciado, nas atividades diárias do seu Instituto.
Bastem-nos esses ligeiros enfoques e a abalizada orientação de Pestalozzi, a cujos cuidados foi confiada a esmerada educação de Hippolyte Léon Denizard Rivail (mais tarde conhecido pelo seu pseudônimo Allan Kardec, como Iniciador do Espiritismo), para enunciarmos nossa certeza quanto à importância e oportunidade de incluir a Música e o canto no currículo da Evangelização Espírita. 


IX.  UMA DIETA MUSICAL
Stewart, R. J.
  
01.       Sempre ser seletivo com a música que escutamos. Não devemos simplesmente aceitar o que é gerado pela televisão, pelo rádio ou pelos sistemas de som instalados em nossa casa, trabalho ou local de encontro social. Esse tipo de escolha torna-se cada vez mais difícil na sociedade moderna, mas não devemos temer ser inconvenientes caso seja preciso: se  a música num restaurante ou numa loja estiver alta demais, é justo pedir aos funcionários que a abaixem. A maioria das pessoas simplesmente aceita a poluição musical, sem jamais pensar em tentar controlá-la. É essencial não sucumbirmos a essa atitude.
02.       A consciência musical começa em casa. Não devemos ligar o rádio ou a televisão para “fazer companhia”. Um verdadeiro contato com a música só é estabelecido quando dedicamos a ela toda a nossa atenção – do contrário, é melhor não ouvir nada. Quase tudo o que sai dos meios de comunicação de massa age sobre nossa consciência, porque não sabemos escutar verdadeiramente. Um período sem música deve ser considerado da mesma forma que uma mudança de dieta ou um jejum salutar: seu objetivo é eliminar os venenos do sistema. E quando conseguimos realizá-lo, sentimo-nos mais aptos, mais atentos e mais radiantes.
03.       Evitar a música muito alta. particularmente em concertos de rock e de música popular ou em discotecas. Essa regra deve ser aplicada também às músicas tocadas em casa ou em reuniões sociais. Se a música estiver alta demais e não houver como controlá-la, sempre podemos nos retirar para algum lugar onde ela seja menos ouvida. O volume do som em si funciona como uma droga, ativando nossos centros de energia de maneira deturpada e malsã (mesmo a medicina já mostrou que certas combinações de ritmo, luzes e baixas freqüências produzem desequilíbrio mental, doenças físicas e, em casos extremos, convulsões). Após um período de “jejum musical”, ficaremos perplexos com o poder e o vigor da música orquestral, ao mesmo tempo em que nos nausearemos numa boate agitada. Não é uma questão de esnobismo ou de elitismo, mas de mecânica, biologia e psicologia. Com toda a justiça, vale acrescentar que certas formas musicais clássicas e de vanguarda também podem ser extremamente deprimentes e doentias. [As músicas sérias, doentias e deprimentes, são geralmente obras que , no nível mais superficial, recorrem a artifícios intelectuais ou pretensamente artísticos visando a fama, a obtenção de subsídios ou a moda efêmera, e que no nível mais profundo, são graves obsessões ou reflexo de desequilíbrio mental. Muitas dessas obras exercem um fascínio mórbido, que pode ser reduzido e contrabalançado seguindo as regras simples mostradas nesta Dieta.(...) O período de “vanguarda” dos sons new wave ou dos sons da “nova era” ainda não  findou (1988), e devemos ser particularmente cautelosos com a música que se diz progressiva ou espiritual. A  maior parte deste material não é mais do que uma variante refinada do produto pop e poderá ser desmascarado pelo desenvolvimento de uma consciência musicalmente alerta. O uso dos tons ou apelos elementais para despertar a psique deverá permitir o revigoramento dos talentos e intuições musicais.
04.       Adquirir gosto pela música primordial. De início, isso pode ser difícil, particularmente se estivermos condicionados à música comercial ou estritamente à música clássica. A música primordial ativa certas regiões primordiais de nossa consciência, e que não podemos   esperar apreciar verdadeiramente a magia a magia da música se não estivermos em contato com essas áreas vitais em nós mesmos.
05.       Cantar ou entoar para si. Há não muito tempo atrás, as pessoas tinham o costume de cantar. Hoje nós praticamente não cantamos mais, a menos para copiar alguma canção das paradas de sucesso. Não devemos nos deixar desanimar por qualquer temor subjetivo de que nosso canto não seja “bom” É o ato de fazer sons musicais com a voz que é importante, não um concerto público. Cantar e entoar podem ser associados à meditação ou podem fazer parte somente do esforço diário de usar musicalmente a voz. Ambas as possibilidades são igualmente importantes para nossa saúde musical.
06.       Usar a própria voz; não devemos imitar as idiossincrasias alheias. Um hábito muito difundido hoje é imitar o estilo das músicas comerciais. Para evitar isso, devemos nos preparar e nos dispor a usar nossa voz natural, pois esse é o nosso melhor som. Em alguns de nós, o hábito de cantar em entoações bizarras está profundamente arraigado, e o uso de um gravador cassete pode ser um corretivo bastante útil.
07.       Tentar aprender a tocar um instrumento musical. Novamente aqui, a profissionalização é irrelevante, pois é o ato de fazer música que possui significação mágica ou espiritual, e não as opiniões ou padrões correntes da música. Em vez de meramente efetuar os exercícios ou interpretar peças simples, podemos ficar tocando e repetindo várias vezes uma única nota, ouvindo o instrumento com total atenção para descortinar cada som individualizado que ele produz. De acordo com as tradições metafísicas, cada vez que fazemos uma nota soar, estamos espelhando a criação do universo.
08.       Dedicar um período do dia ao silêncio absoluto. Este é um tipo importantíssimo de meditação, e não precisa levar mais do que dez ou quinze minutos. O hábito regular de dedicar um período ao silêncio todos os dias tem a capacidade de transformar o modo como reagimos a todos os tipos de música num espaço de tempo relativamente curto (cerca de um mês).
09.       Escutar música em circunstâncias de meditação. Numa sala em que não sejamos perturbados, sentamo-nos com os olhos fechados e colocamos para tocar um disco ou uma fita. Alguns tipos de música têm um poderoso efeito interno sobre nós, enquanto outros, que parecem superficialmente atraentes nas festas ou encontros sociais compulsivos, surtem pouco ou nenhum efeito, e podem ser até antagônicos à mente e ao corpo tranqüilos. 


X. EU SOU A MÚSICA 
Texto Anônimo (*) 
Eu sou a música; das artes, a mais antiga.
Eu sou mais que antiga, eu sou eterna.
Mesmo antes da vida começar nesta Terra, eu já estava aqui – nos ventos e nas ondas.
Quando as primeiras árvores, flores e pastos apareceram, eu estava entre eles...
E quando o Homem surgiu, tornei-me imediatamente o veículo mais delicado, mais sutil e mais poderoso para a manifestação de suas emoções.
Quando os homens eram pouco mais que animais, eu os influenciei de forma benéfica.
Em todas as eras, inspirei os homens com esperança; inflamei o seu amor; dei-lhes voz para suas alegrias; estimulei-os para realizarem valorosas façanhas; e os consolei nas horas de desespero.
Representei um grande papel no drama da vida, cujo alvo e propósito eram a grande perfeição da natureza do Homem. Através da minha influência, a natureza humana elevou-se, abrandou-se e tornou-se mais aprimorada.
Com a ajuda dos homens, tornei-me uma Arte Superior.
Possuo uma grande quantidade de vozes e de instrumentos.
Estou no coração de todos os homens e nas suas línguas, em todas as terras, entre todos os povos; o ignorante e o analfabeto me conhecem, tanto quanto o rico e o erudito, pois eu falo a todos os homens, numa linguagem que todos entendem. Até os surdos conseguirão me escutar, se prestarem atenção às vozes de suas próprias almas.
Sou o alimento do amor.
Ensinei aos homens a delicadeza e a paz: e os conduzi na direção de feitos heróicos.
Levo conforto aos solitários e concilio os conflitos das multidões. (...)
Eu sou a MÚSICA. 
(*) Do livro As energias curativas da música, de Hal A. Lingerman. 


XI. AS NOTAS MUSICAIS
Leon Denis 
“Falaremos hoje sobre a sonoridade, não sobre a sonoridade pura, uma vez que não possuímos ouvidos para ela. O som é resultante de uma vibração que impressiona nossos órgãos físicos e produz, em conseqüência, um fenômeno virtual.
“É preciso partir do seguinte princípio: no espaço o som não é mais a sensação de um ruído, mas a sensação que acarreta uma satisfação de bem-estar moral e espiritual. O júbilo é mais ou menos intenso e corresponde às sensações que os instrumentos da Terra produzem sobre nós.
“Vimos o ser imaterial transportado à esfera musical, isto é, ao campo vibratório animado por seres angélicos; vimos também que esse ser recebe em seu perispírito vibrações que, chocando-se com seus próprios eflúvios, produzem sensações de júbilo.
“Na música humana vocês têm como nota de diapasão o : não tomaremos essa nota como ponto de partida, pois sua tonalidade não corresponde à tonalidade das cores. Tomaremos o . O dó, para os ouvidos humanos, produz um som grave, pleno, e que exprime o júbilo, um som que descreve bem o amor que devemos sentir por Deus. Esse dó, fazendo-se uma comparação, adapta-se melhor à primeira das sensações fluídicas, que se traduz geralmente pela cor azul.
“O dó simboliza o azul-celeste, a quietude, a paz da alma, surgida através da prece. O dó é a primeira nota do acorde perfeito que deriva do azul.
“O mi representa a força no amor, o desejo de amar, e pode ser representado por uma emanação da luz solar. Temos, portanto: dó, mi.
O dó fundamental é o azul; o mi, desejo no amor, dará azul-celeste e ouro.
“O sol, terceira nota harmônica, representa a consolidação das duas notas precedentes, isto é, uma ligação que pontua as duas idéias precedentes emitidas, pontuação que assegura a exteriorização do sentimento dado pelo azul.
“Percebemos essa nota através de uma tonalidade especial, cuja cor procuro tornar compreensível aos sentidos humanos. Não se trata nem de uma emanação prateada, que poderia confundir-se com o ouro, ser por este absorvida, nem de uma emanação preta, resultante das outras cores, que poderia absorver o azul. Mas é um fluido brilhante, sem cor muito definida, que pode aproximar-se da luz radiante que se desprende dos mundos por vocês percebidos, isto é, cinza-azulado, cinza-prateado. O sol, visto de longe, possui esse aspecto.
“A primeira tonalidade, vista por um mortal, terá esse aspecto: tônica azul. Intensidade da tônica, ouro. Pontuação ou duração: cinza prateado, mistura de azul com um pouco de ouro e de cinza-prateado.
“Essa primeira tonalidade representa o amor divino.
“As outras cores fundamentais apresentam todos os outros sentimentos, indo do amarelo-claro ao amarelo-escuro; porém essas cores são sempre acompanhadas por seus mantos dourados e suas vestes cinza-prateadas.
“Em música humana, acorde perfeito: dó, mi, sol. Tomando-se o , acorde perfeito: ré, fá, lá; com o mi, acorde perfeito: mi, sol, si.
A tônica variará de cor passando do azul até chegar ao vermelho, porém as duas outras notas serão sempre ouro e prata; elas nunca variarão.
“Conforme a qualidade do perispírito e a natureza do campo vibratório, as sensações variam e aumentam de intensidade a ponto de se tornarem maravilhosas. Certos perispíritos recebem o amarelo, outros, o vermelho. Há alguns que excluem essa última cor.
“O violeta é menos suportável para os seres evoluídos. O verde claro é mais agradável do que o escuro. Pode-se, de acordo com as leis do espaço, perceber uma mistura de azul e de rosa.
“Os campos vibratórios variam igualmente de intensidade. Eles resultam de emanações angélicas, inspiradas pelo ser divino. Quando retornamos à Terra, estamos ainda impregnados dessas vibrações; o corpo material as apaga, porém a consciência guarda sua impressão.
“Além desses campos vibratórios existem esferas, e até mesmo correntes, que dão aos espíritos menos evoluídos alegrias harmônicas às vezes vivas e profundas, apesar de mais pessoais. Essas correntes fluídicas comunicam ao ser as alegrias íntimas do amor divino. Outras correntes lhe dão apenas a alegria de ouvir os acordes da lira celeste.
Essas vibrações, não coloridas e invisíveis para o ser desencarnado, dão-lhe uma satisfação comparável à produzida pela sensação dos perfumes.
“A música celeste é, portanto, resultante de impressões causadas pelas camadas fluídicas segundo a elevação do ser e a pureza do meio.
“No espaço não se ouve nada; sente-se a harmonia dos fluidos e não a dos sons. A propriedade essencial dos fluidos é a cor. O som é de essência terrestre, a cor é de essência celeste. A próxima lição tratará dos encantos harmônicos do espaço e de sua persistência nos sentimentos humanos.”
Massenet
Comentários
A solidariedade dos sons e das cores, da qual o espírito Massenet nos fala, foi pressentida por todos os grandes músicos.
Um deles disse: "A melodia é para a luz o que a harmonia é para as cores do prisma, isto é, uma mesma coisa sob dois aspectos diferentes: melódico e harmônico."
Platão nos diz: "A música é uma lei moral. Dá alma ao universo, asas ao pensamento, saída à imaginação, encanto à tristeza, alegria e vida a todas as coisas. Ela é a essência da ordem e eleva em direção a tudo o que é bom, justo e belo, e do qual ela é a forma invisível mas, no entanto, deslumbrante, apaixonada, eterna." Observemos de passagem que Massenet é antes melodista do que sinfonista.
Para formar a luz branca é preciso o acorde das cores complementares, e essa luz torna-se mais viva e radiante quanto melhor a melodia resuma e sintetize o acorde das harmonias complementares.
Parece, portanto, que há perfeita concordância entre as concepções dos gênios terrestres e o ensinamento das entidades do além, e isto reconhecendo-se que estas nos fornecem detalhes, observações ignoradas pelos especialistas de nosso mundo.
Em termos de relação, a melodia está para a harmonia como o pensamento está para o gesto. Poder-se-ia dizer, também, que em música a melodia representa a síntese e a harmonia a análise. Elas se penetram portanto uma na outra e mais valem quanto mais se combinem e se fundam mais completamente.
Na Terra a beleza de uma obra musical resulta ao mesmo tempo da concepção e da execução, porém na vida do além o pensamento iniciador e a execução se confundem, pois o pensamento comunica às vibrações fluídicas as qualidades que lhe são próprias. A obra é mais bela e a impressão que ela produz mais viva quanto mais elevada for a intenção. É isto o que dá à prece ardente, ao grito da alma a seu criador, propriedades harmônicas.
Quanto mais nos elevamos na escala das relações, mais a unidade aparece em sua sublime grandeza.
A lei das notações musicais regula todas as coisas, e seu ritmo acalanta a vida universal. É uma espécie de geometria resplandecente e divina. O alfabeto humano, como um balbucio, é uma de suas formas mais rudimentares. Porém suas manifestações tornam-se cada vez mais amplas e importantes, em todos os graus da escala harmônica.
O espírito humano não pode se elevar até as supremas alturas da arte cuja fonte é Deus, mas ele pode, ao menos, elevar a elas suas aspirações.
As concordâncias estéticas se sobrepõem ao infinito. Mas o pensamento humano entrevê apenas alguns aspectos da lei universal de harmonia nas horas de êxtase e de grande alegria. A regra musical se produz no espaço através de raios de luz; o pensamento, a expressão do gênio divino e os astros em seus cursos, aí conformam suas vibrações.
Se o espírito humano, em seus impulsos, eleva-se um instante a essas alturas, recai impotente para descrever suas belezas; as impressões que ele experimenta não se podem traduzir senão através de muda adoração.
O próprio espírito Massenet declara-se insuficientemente evoluído para manter-se nessas esferas superiores.
Uma vez mais encontramo-nos, aqui, na impossibilidade de exprimir, na linguagem humana, idéias sobre-humanas. Apesar do que se possa dizer, permanece-se sempre aquém da verdade. O infinito das idéias, dos quadros, das imagens, é como um desafio aos limitados recursos do vocabulário terrestre. Com efeito, como encerrar em palavras, como resumir em palavras todo o esplendor das obras que se desenvolvem nas profundezas dos céus estrelados?
(Do Capítulo 6 do livro O Espiritismo na Arte) 


XII.  ARTE E INTUIÇÃO
Revista Espírita, Ano IV- Novembro – 1998 – N° 11, pág.352. 
Que mistério encerra a inspiração artística? 
A inspiração se manifesta pela  potência da imaginação, pela energia super abundante que o artista emprega, pela chama criadora que nele arde. Muitas vezes, o poeta, o músico, o escultor, o pintor, pode criar sua obra na imaginação num só repente, através de uma percepção lúcida. O raciocínio só começará a agir no momento da realização, disciplinando e direcionando a ação. Mas a idéia central da obra, já está pronta, em seu todo, no interior do artista. 
É claro que amigos espirituais, poderão estar inspirando-o., e desta forma, a inspiração artística é fruto de outro artista espiritual que transmite a obra a um médium. Mas não é tão simples assim. Se o fosse, qualquer médium poderia receber obras fantásticas em todos os níveis, e isso não acontece. Na inspiração, o amigo espiritual apenas sugere e trabalha junto com o artista encarnado, que se utiliza  seu próprio potencial interior para criar. 
Conta-se que Michelangelo, descontente com as obras iniciais do teto da Capela Sistina, chegou a destruir alguns afrescos e isolar-se em meditação. E de repente, vislumbra o maravilhoso instante da Criação. Os detalhes da obra vieram depois. 
Beethoven dizia que, muitas vezes, a música surgia em sua mente, completa, e ele somente a escrevia na partitura. 
Todo o trabalho que propicia a interação vertical, com os canais superiores da vida, favorece a intuição. Mas é preciso ampliar a nossa visão, tanto em termos de conhecimento quanto de sentimento, de vibrarmos em níveis mais altos. Assim, a visão global-o processo de análise-síntese, que a Doutrina Espírita nos oferece, propicia o desenvolvimento da intuição. 
A fé é função direta da intuição e, quando embasada na razão, na compreensão dos fatos, propicia essa intuição que se torna certeza e, portanto, conhecimento. 
Por isso as artes, falando diretamente ao Espírito, estimula a intuição, atingindo caminhos que a razão, por si só, não consegue chegar. 


XIII.    A MÚSICA TERRESTRE
Leon Dénis (*) 
O canto e a música em sua íntima união podem produzir a mais alta impressão. Quando ela é sustentada por nobres palavras, a harmonia musical pode elevar a alma às regiões celestes. É o que se realiza com a música religiosa...
O cântico produz uma dilatação salutar da alma, uma emissão fluídica que facilita a ação das forças invisíveis. Não há cerimônia religiosa verdadeiramente completa e eficaz sem o cântico. Quando a voz pura das crianças e dos jovens ressoa pela abóbada dos templos, desprende-se como que uma sensação de suavidade angélica. (...) 
O fenômeno sonoro desenvolve-se de círculo em círculo, de esfera em esfera, e amplia-se até o infinito. Ele leva a alma, em suas grandes ondas, sempre mais longe, sempre mais alto, no mundo do ideal, e nela desperta sensações tão delicadas quanto profundas, que a preparam para os júbilos e os êxtases da vida superior. 
O  poder misterioso e soberano estende-se sobre todos os seres, sobre toda a Natureza. Com efeito, a lei das vibrações harmônicas rege toda a vida universal, todas as formas de arte, todas as criações do pensamento. Ela introduz equilíbrio e ritmo em todas as coisas. Ela influi até sobre a saúde física por sua ação sobre os fluidos humanos. Sabe-se que Saul, em suas crises nervosas, chamava Davi, que através dos sons de sua harpa acalmava a irritação do monarca. Em todos os tempos, e ainda nos dias atuais, a arte musical foi aplicada à terapêutica, e com resultado. (...)
(*)  Do livro O Espiritismo na Arte.

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