Nosso Lar II - CLARÊNCIO

          Foi nesse instante que as neblinas espessas se dissiparam, e alguém surgiu. Um emissário da Céu. Um velhinho simpático me sorriu e inclinou-se paternalmente e falou:
          _Coragem meu filho! O Senhor não te desampara.
          _Quem sois? Generoso emissário de Deus.
          _Chamo-me Clarêncio, sou apenas teu irmão.
          _Agoira permaneça calmo e silencioso. É preciso descangar para reaver energias.
          Em seguida, chamou dois companheiros que aguardavam em atitude de servos desvelados e ordenou.
          _Prestemos ao nosso amigo os socorros de emergência. Alvo lençol foi estendido ali mesmo, à guisa de maca improvisada e transportaram-me generosamente.
          _Alçaram-me cuidadosamente e Clarêncio exclamou:
          _Vamos sem demora. Precisamos atingir "NOSSO LAR " com presteza possível.
          Senti o quadro confortante que se desdobrava á minha volta. Clarêncio apoiava-se num cajado de substância luminosa e deteve-se à frente de grande muro, coberto de trepadeiras floridas. E graciosas. Tateando em um ponto da muralha com cajado, fez-se longa abertura, através da qual penetramos.
          Branda claridade inundava ali todas as coisas. Ao longe, gracioso foco de luz dava a idéia de um por de Sol em tardes primaveris. A medida que avançava-mos, conseguia identificar preciosas construções, situadas em extensos jardins. Surgiu um edifício alvo à feição de grande hospital. Entramos e fui acomodado em um leito de emergência, e ouvi o generoso Clarêncio recomendar.
          Guarde nosso tutelado no Pavilhão da direita. Amanhã cedo, voltarei a vê-lo.
          Enderecei-lhe um olhar de gratidão, ao mesmo tempo que era conduzido a confortável aposento de amplas proporções, onde me ofereceram leito confortador.
          _Amigos, por quem sois, explicai-me em que novo mundo me encontro.... De que estrela me vem, agoira, esta luz confortadora e brilhante?
          Um deles afagou-me a fronte e disse:
          _Estamos nas esferas Espirituais vizinhas da Terra, e o Sol que nos ilumina, é o mesmo Sol que dá calor e luz à Terra.
          Nosso Sol é a Divina matriz da vida. A essa altura meditei que até então nunca meditara na imensurável bondade de Deus que no-lo concede para o caminho eterno da vida.
          Serviram-me caldo reconfortante, seguido de água muito fresca que me pareceu portadora de Fluidos Divinos. Havia me reanimado inesperadamente. Não saberia dizer que espécie de sopa era aquela, se alimentação sedativa ou remédio salutar. Profundas emoções vibravam-me no Espírito.
          Divina melodia penetrou quarto a dentro, com maravilhosa harmonia.
          _O enfermeiro esclareceu bondoso.
          _É chegado o crepúsculo em NOSSO LAR. Em todos os núcleos desta colônia de trabalho consagrada ao Cristo, há ligação direta com as preces da Governadoria.
          Agoira fique em paz. Voltarei logo após as orações.- Não poderei acompanhar-vos?- perguntei suplicante.
          _Ainda estas fraco- esclareceu gentil,- todavia caso sinta-se disposto.... levantei-me com dificuldade e apoiei-me ao braço ao braço fraternal que se me estendia.
          Chegamos a um enorme salão, onde numerosa assembléia meditava em silêncio.
          Da abobada cheia de claridade brilhante pendiam delicadas e flóreas grinaldas que vinham do teto á base, formando radiosos símbolos de Espiritualidade Superior.
          Sentado em lugar de destaque, um ancião coroado de luz, fixava o alto, em atitude e prece, envergando alva túnica de irradiações resplandecentes.
          Reparei Clarêncio, participando da assembléia, entre os que cercavam o velhinho refulgente.
          _Conserve-se tranqüilo. Todas as residências e instituições de NOSSO LAR estão orando com o Governador, disse o enfermeiro.
          Começaram a cantar harmoniosos hinos, repleto de indefinível beleza. A fisionomia de Clarêncio, no circulo dos veneráveis, figurou-se-me tocada de intensa luz.
          Pairavam no recinto, misteriosas vibrações de paz e de alegria. Desenhou-se em plano elevado, um coração maravilhosamente azul, (imagem simbólica formada pelas vibrações mentais dos habitantes da colônia)
          Abundantes chuvas de flores azuis se derramou sobre nós, os miosótis celestiais, não conseguia-mos dete-los nas mãos, pois desfaziam-se de leve, ao tocar-nos a fronte, experimentando eu, singular renovação de energias ao contato das pétalas fluídas.
          Terminada a oração sublime, regressei ao aposento. Entretanto, não era mais o doente de horas antes.
          A primeira prece coletiva em " Nosso Lar", operava em min, completa transformação. Enchera-se o cálice muito tempo vazio, das gotas generosas do licor da ESPERANÇA.

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